O Guardião
No dia 3 de maio de 1945 os sinos tocaram a manhã toda: a guerra acabou, a guerra acabou… Enquanto aguardavam transporte para o Brasil, os soldados ficaram encarregados da segurança em Turim e outras cidades. Um pracinha foi chamado ao Comando:
- Sargento, você vai ficar tomando conta do nosso Cemitério em Pistóia. Em breve, será substituído.
Assim, todas as manhãs ele içava a bandeira do Brasil às oito da manhã e a arriava ao pôr-do-sol, dia após dia. Após dobrar a bandeira com todo cuidado, segurava-a na mão esquerda, colocava a boina na cabeça e ficava ereto. Bradava em voz alta:
- Cerimonial sentido! Em continência, um
Após três segundos, outra ordem:
- Dois
Fazia uma meia-volta e dava outro brado:
- Boa noite!
Passou-se o tempo e veio a notícia: seu serviço fora ampliado por mais cinco anos. Que agüentasse: alguém teria que tomar conta do Campo Santo. Ele ficou, mas nunca veio a substituição e a saudade de casa aumentava. Após quinze anos resolveram trasladar os restos mortais dos pracinhas para o Rio de Janeiro. Ele vibrou: iria retornar! Terminado a transferencia informaram-lhe que fora designado para encarregado do Monumento Votivo em que se tornara o antigo cemitério.
Nesse ínterim ele conheceu uma moça, e constituiu família, mas nunca de sua terra. Durante quase sessenta anos nunca deixou de hastear a bandeira, nem mesmo quando a neve quase que o impedia de abrir a porta do Monumento, no inverno.
Um dia após o término da singela cerimônia, em vez de guardar a bandeira numa gaveta, como sempre fazia, levou-a para casa. Estava cansado, muito cansado. Naquela noite ao se recolher para dormir, colocou-a ao seu lado, com a boina por cima. Em algum momento acordou, ou pensou que havia acordado. Apanhou a bandeira e a boina e saiu de casa. Entretanto, alguma coisa acontecera. Não reconheceu os arredores. Estava num local com muito verde e pássaros. De onde veio aquilo, perguntou a si mesmo. Depois de algum tempo notou que havia um vulto a sua frente. Sabia o que tinha de fazer e o fez:
- Sargento Miguel Pereira, da Força Expedicionária Brasileira, se apresentando. Cerimonial encerrado, boa noite!
O vulto lhe falou de forma gentil, enquanto recebia a bandeira que lhe era oferecida:
- Seja bem-vindo, Guardião.
Então o velho soldado sorriu e sentiu que finalmente voltara para casa.
- Sargento, você vai ficar tomando conta do nosso Cemitério em Pistóia. Em breve, será substituído.
Assim, todas as manhãs ele içava a bandeira do Brasil às oito da manhã e a arriava ao pôr-do-sol, dia após dia. Após dobrar a bandeira com todo cuidado, segurava-a na mão esquerda, colocava a boina na cabeça e ficava ereto. Bradava em voz alta:
- Cerimonial sentido! Em continência, um
Após três segundos, outra ordem:
- Dois
Fazia uma meia-volta e dava outro brado:
- Boa noite!
Passou-se o tempo e veio a notícia: seu serviço fora ampliado por mais cinco anos. Que agüentasse: alguém teria que tomar conta do Campo Santo. Ele ficou, mas nunca veio a substituição e a saudade de casa aumentava. Após quinze anos resolveram trasladar os restos mortais dos pracinhas para o Rio de Janeiro. Ele vibrou: iria retornar! Terminado a transferencia informaram-lhe que fora designado para encarregado do Monumento Votivo em que se tornara o antigo cemitério.
Nesse ínterim ele conheceu uma moça, e constituiu família, mas nunca de sua terra. Durante quase sessenta anos nunca deixou de hastear a bandeira, nem mesmo quando a neve quase que o impedia de abrir a porta do Monumento, no inverno.
Um dia após o término da singela cerimônia, em vez de guardar a bandeira numa gaveta, como sempre fazia, levou-a para casa. Estava cansado, muito cansado. Naquela noite ao se recolher para dormir, colocou-a ao seu lado, com a boina por cima. Em algum momento acordou, ou pensou que havia acordado. Apanhou a bandeira e a boina e saiu de casa. Entretanto, alguma coisa acontecera. Não reconheceu os arredores. Estava num local com muito verde e pássaros. De onde veio aquilo, perguntou a si mesmo. Depois de algum tempo notou que havia um vulto a sua frente. Sabia o que tinha de fazer e o fez:
- Sargento Miguel Pereira, da Força Expedicionária Brasileira, se apresentando. Cerimonial encerrado, boa noite!
O vulto lhe falou de forma gentil, enquanto recebia a bandeira que lhe era oferecida:
- Seja bem-vindo, Guardião.
Então o velho soldado sorriu e sentiu que finalmente voltara para casa.
Matéria: Paulo Afonso Paiva.
Site Portal FEB
O Sargento brasileiro Miguel Pereira, nascido em 9 de junho de 1918 na cidade de Pulador, RS - arredores da cidade de Passo Fundo foi um dos integrantes da FEB na Itália, onde ocupava a função de operador de rádio no Comando Central das tropas brasileiras. Ocupou essa função até 2002 quando veio a falecer, mas, entusiasmado com o trabalho do pai, seu filho Mário dedica o mesmo amor ao monumento votivo que Miguel Pereira tinha!
ResponderExcluirCiao, la partecipazione dell'esercito brasiliano nella campagna d'Italia è un episodio, ingiustamente trascurato in Europa.
ResponderExcluirAnche il vostro paese ha contribuito alla libertà dell'Italia, grazie.
Complimenti per il blog, a presto
Simmy
Hello, the participation of the Brazilian Army in the Italian campaign is an episode, unjustly neglected in Europe.
Even your country has contributed to the freedom of Italy, thanks.
Congratulations on the blog, see you soon
Simmy
Ciao, Simmy!
ResponderExcluirGrazie per il riconoscimento! Ciò che conta è il sentimento del popolo italiano! Dio vi benedica!
Obrigado a todos os Febianos, Brasil Acima de Tudo!!! Sempre!!!
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