sexta-feira, 2 de setembro de 2011

ALIMENTAÇÃO DA F.E.B.

Superadas as dificuldades iniciais, a comida fornecida pela cozinha de campanha passou a ser muito bem aceita pelos soldados. A própria instalação da cozinha de campanha causou surpresa, quando a tropa acampou pela primeira vez.

Houve imensa satisfação dos homens ao se engajarem a fundo nos chocolates, nos frangos e nas galinhas, nas costeletas de porco, nas geléias, nos doces de pêssegos e peras da Califórnia, de abacaxis do Havaí, nas saladas de frutas, nas ameixas, passas e sucos.
Foi ao tomar contato com essa forma de alimentação que os oficiais começaram a avaliar o imenso poderio de seus aliados estadunidenses. Todos esperavam receber armas, canhões e outros equipamentos, muitos já conhecidos nas manobras de treino no Brasil, mas, acostumados com a ração anteriormente servida no Brasil, ficaram surpresos com a abundância e com o colorido das frutas e passas, das latas em que vinham vários artigos e alimentos. Um praça chegou a comentar alto: ‘Meu Deus, como a comida desses gringos é bonitinha’.

Mas nem tudo era recebido com esse bom humor: o Pork Lunch, enlatado à base de carne de porco, era servido com tanta frequência que acabou sendo detestado por todos, inclusive pelos estadunidenses. Esse alimento entrou para o anedotário de toda a tropa do V Exército e até os estadunidenses também faziam piadas.
Os cozinheiros, diante das constantes reclamações sobre a inclusão do Pork Lunch no cardápio, resolveram colocar um molho improvisado, para enganar o pessoal. O primeiro praça na fila do rancho, ao perceber a colocação em sua marmita de uma enorme rodela coberta pelo molho, tocava-a com o garfo, meio desconfiado, afastava um pouco o molho, virava-se para trás e avisava aos companheiros: ‘Cuidado, pessoal, ela hoje está camuflada’.

Junto com a primeira refeição, cada soldado recebia um maço de cigarros estadunidenses. Esse fumo agradou tanto à tropa que, quando a Intendência quis fornecer cigarros brasileiros, houve forte reação e a cota de cigarros estadunidenses foi mantida. Os cigarros brasileiros que quiseram servir eram das marcas Victor e lolanda, esta com o desenho de uma mulher loura, logo batizada pela tropa de ‘Bionda Cativa’ (Loura ruim).

A Intendência, prevendo que o tráfego seria prejudicado no inverno, e para evitar que faltasse comida, criou um estoque de emergência, assim escalonado: os soldados, em posição, recebiam um dia de ração K. Com as unidades, um dia de ração K e um dia de ração C. Com a divisão, dois dias de ração B e três de ração C. Com o Exército, 15 dias de víveres brasileiros colocados em Pistóia no Centro de Reprovisionamento do Exército.
Havia ainda dentro da organização do V Exército americano os Serviços de Suprimento Reembolsável, onde, por módica quantia, se adquiria cigarros, bebidas, agasalhos e outros artigos que ofereciam maior conforto. Esse serviço, porém, não se estendia a toda a FEB: os praças só podiam dispor dele quando se encontravam de licença, na retaguarda.

Às vezes tinham oportunidade de conseguir estas mercadorias nos denominados PX – Post Exchange-, junto aos postos da Red Cross, e assim mesmo aquisições limitadas aos soldados. Como na Itália o vinho era bom e abundante, os pracinhas quase sempre trocavam uma garrafa por alguns cigarros ou uma barra de chocolate.
Os tipos de ração distribuídos à tropa.
A Ração K - de assalto – era composta por três pequenas caixas correspondentes às refeições, contendo em cada uma:
  • Uma lata de queijo,
  • Patê ou sopa desidratada – conforme fosse café, almoço ou jantar.
  • Biscoitos, café ou limonada solúvel
  • Chocolate,
  • Cigarros e fósforos,
  • Um tablete de Halazone para purificação d’água,
  • Uma colher
  • Um abridor de latas.


Café da manhã




Todos os alimentos combinados equivaliam a 900 calorias. Esta ração acompanhava os homens, só podendo ser consumida por ordem superior.
A ração C - de combate – compunha-se de 6 pequenas latas:
  • Três contendo alimentos à base de carne, em mistura com cereais,
  • Três com artigos variados: biscoitos, café ou limonada solúvel, chocolate, cigarros, fósforos e um tablete de Halazone.
Ração C
Correspondia a 3.800 calorias. Seu transporte ficava a cargo das unidades e o consumo somente poderia ser feito mediante ordem.
A ração B – operacional – era consumida diariamente pela tropa, salvo as patrulhas ou durante os ataques em que os homens, por necessidade, eram levados a utilizar ou  a ração K ou a C.
Era composta das três refeições.
O café da Manhã
  • O café com leite,
  • Pão,
  • Geléia ou manteiga de amendoim
  • Extrato de tomate.
O almoço e o jantar:
  • Carne, às vezes galinha ou peru,
  • Feijão,
  • Arroz,
  • Frutas ou suco de frutas,
  • Ovos,
  • Pão,
  • Doce,
  • Café,
  • Cigarros e fósforos,
Somando 4.000 calorias por refeição.
Além dessas rações, havia a de emergência, a ser consumida em circunstâncias especiais, sendo:
  • Uma barra de chocolate altamente concentrado,
  • Ração “10 por 1″ – contendo 10 refeições em um só recipiente para uso coletivo.
Durante o inverno, distribuíam anexadas as rações, complementos multivitamínicos, duas vezes por dia a cada homem, para consumo em cada refeição principal.
No verão, tabletes de sal.
Matéria : Segunda Guerra.Org
               Ecos da Segunda Guerra.

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