segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Expedicionário Kunio Ojima.

 

Em 1941, quando servia o Exército no 5º Batalhão de Caçadores, em Itapetininga, Kunio Ojima, não imaginava o que o aguardava. 
Prestes a ser liberado do serviço, viu-se diante do início da Segunda Guerra Mundial e teve de permanecer no quartel até embarcar em 1944 para a Itália, integrando o 9º Batalhão de Engenharia.
Kunio Ojima, de ascendência japonesa.
Antes de ir para a FEB, sofreu com o preconceito de alguns superiores no Exército, que tinham a ideia errada de que ele poderia ser um espião do Eixo.
É importante dizer que mesmo havendo dezenas de filhos e netos de japoneses lutando pela FEB, existiram no Brasil, campos de prisioneiros em que famílias que nada tinham a ver o Japão Imperial do Eixo (a não ser a procedência), foram encarceradas durante os anos de guerra. Muitos imigrantes tiveram bens confiscados, foram vigiados e perseguidos.
Kunio embarcou para Itália em 22 de setembro de 1944 e foi do 9º Batalhão de Engenharia.
Participou de várias missões e viu companheiros feridos e mutilados durante os 11 meses em que esteve em combate.
Kunio Ojima contou que:
“Quando fui escalado para ir à guerra, em 1944, não pensei que estava traindo a Pátria de meus pais. Não senti nada. Estava cumprindo com minha obrigação como soldado. Na Itália, minha função era construir pontes e desativar minas, andando sempre na frente da infantaria. O mineiro erra só uma vez, porque quando erra morre. Os mandamentos que recebíamos eram que, se encontrássemos fios esticados, não podíamos cortar e, se estivesse bamba, não podíamos puxar. O barulho das bombas era tanto que fiquei neurótico.”
Falava que tinha neurose de guerra e que não conseguia ouvir musica com volume alto e que os rojões e bombinhas o deixavam muito nervoso.
Kunio também dizia que:
“Foi bom ter ido à guerra como engenheiro. Não fui para matar. Depois que voltei ao Brasil, as coisas também não foram tão tranquilas. Em Piedade, disseram que meu nome estava na lista dos perseguidos pela Shindo Renmei. As pessoas não acreditavam que eu tivesse lutado na Segunda Guerra. Mas não gosto de falar dessa época. É ruim de lembrar.”
Kunio retornou ao Brasil em 22 de agosto de 1945. Após a guerra constituiu família e faleceu em 2006, aos 86 anos de idade.

Fontes:
Marianne Nishihata.
Made in Japan.
V de Vitória
Site Força Expedicionária Brasileira. 

terça-feira, 1 de agosto de 2023

terça-feira, 11 de julho de 2023

Memórias do Expedicionário José Ribamar de Montello Furtado.

 

José Ribamar de Montello Furtado,  nasceu a 17 de outubro de 1901, no município de Viana, Maranhão. Filho do Sr. José Mariano Furtado e de D. Balbina de Santo Montello Furtado.
Desde a adolescência, o jovem maranhense José Ribamar soube dar mostras de seu elevado senso de civismo e cidadania, mesmo em meio às dificuldades que enfrentou e obstáculos que superou nas humildes origens que teve no pequeno vilarejo interiorano de Viana no início do século passado. Sua vocação pela carreira das armas manifestou-se logo cedo em resposta ao seu crescente anseio por servir à Pátria.
Certo desse desiderato, José Ribamar se muda para a capital São Luís, onde senta praça no 24° Batalhão de Caçadores (atual 24° Batalhão de Infantaria Leve) a 1° de novembro de 1922.
Fundado em 1839, o 24° BC recebeu por portaria ministerial de 12 de julho de 1997 a denominação histórica de “Batalhão Barão de Caxias” em memória ao então coronel de infantaria Luiz Alves de Lima e Silva, futuro Patrono do Exército Brasileiro e Duque de Caxias, o qual a 4 de fevereiro de 1840, assumiu a presidência e o comando da armas da província do Maranhão para pacificar a rebelião regencial da Balaiada (1838-1841).
Em matéria publicada na edição de 31 de outubro de 1922 do jornal Diário de São Luiz do Maranhão, Anno III, n° 256, constam principais deliberações do Boletim Interno do 24° BC referentes ao dia 1° de novembro de 1922, entre as quais destacamos (na ortografia da época):
Foram mandados inspeccionar de saúde, para efeito de matricula ao exame de admissão à E.S.I. as seguintes praças: … anspeçada … soldados … José Ribamar de Montello Furtado …
Desta publicação e no que consta no Decreto nº 14.331, de 27 de Agosto de 1920, o qual aprova o regulamento da Escola de Sargentos de Infantaria (E.S.I) inferimos que o jovem José Ribamar ingressou no Exército Brasileiro, na referida data com destino à carreira militar que ali se iniciava na graduação de soldado, mas tinha em vista sua futura matricula como aluno daquela escola de formação de sargentos para a arma de Infantaria.
O exame de admissão para essa escola exigiria de José Ribamar, além da aprovação em Inspeção de Saúde, duas outras aprovações, quais foram, prova escrita sobre conteúdos de língua portuguesa, aritmética e geometria e uma prova oral versando sobre conteúdos dessas mesmas disciplinas. Segundo o artigo 11 do regulamento da E.S.I, essas duas provas tinham por finalidade aferir o “gráo de intelligencia e de vivacidade dos examinandos” (ortografia no original).
Outras informações referentes a carreira militar de José Ribamar após a conclusão do curso de formação de sargentos puderam ser colhidas junto à 14° Circunscrição do Serviço Militar em Sorocaba e na Diretoria de Civis, Inativos, Pensionistas e Assistência Social em Brasília, tendo contribuído também para elas documentos pessoais dele em posse dos descendentes.
De fato, quando de seu casamento com D. Anezia de Oliveira Rosa, no município de Taquaritinga, a 10 de dezembro de 1929, encontrava-se José Ribamar servindo no Tiro de Guerra daquela cidade do interior do Estado de São Paulo e na graduação de 2º Sargento da arma de Infantaria.
Ele participou na Revolução de 1932, ao lado de São Paulo, em unidade do Exército Brasileiro que aderiu à causa constitucionalista. Com o armistício em outubro daquele ano, permaneceu no Estado de São Paulo.
Não muito depois, serviu José Ribamar no Tiro de Guerra de Catanduva, SP. Sua atuação como instrutor e chefe da instrução na formação de reservistas para o Exército Brasileiro parece ter sido uma constante em sua carreira militar na qual dedicação, austeridade e profissionalismo foram sempre suas características mais marcantes.
Já no ano de 1944, encontrava-se José Ribamar servindo no 5° Batalhão de Caçadores, unidade de Infantaria que sediada esteve em Itapetininga nos anos de 1935 a 1947.
Foi dela que partiram três dezenas de voluntários itapetininganos para integrarem a Força Expedicionária Brasileira (FEB) com destino ao teatro de operações italiano nos vários escalões que para lá seguiram nos meses de julho, setembro e novembro de 1944.
Ocupando então a graduação de Subtenente, José Ribamar de Montello Furtado, aos 42 anos de idade e 22 anos de carreira militar foi um desses voluntários, sendo transferido do 5° BC para o 1° Regimento de Infantaria da FEB, o lendário “Regimento Sampaio”.
O 1° RI em que José de Ribamar foi um de seus integrantes participou de operações divisionárias nos Apeninos, do Reno ao Panaro e, depois, no Vale do Pó, mas foi nos combates ao Monte Castelo que seu regimento logrou uma das maiores glórias para as armas brasileiras. As palavras de elogio consignado ao Regimento Sampaio no Boletim do Exército de 12 de Janeiro de 1946 melhor ilustram as resultantes desse inesquecível feito:
… a conquista da forte posição inimiga de Monte Castelo, em cujo ataque, na manobra da Divisão, desempenhou com ardor a ação principal e decisiva e depois sua denodada resistência no combate de La Serra, que constituem, sem dúvida, as passagens mais dignificantes e de maior emoção vividas pela Força Expedicionária Brasileira no Teatro de Operações da Itália. Nesses árduos combates, contra um inimigo obstinado e aguerrido, os soldados do 1º Regimento de Infantaria fizeram reviver as virtudes militares dos soldados de Sampaio“.
De fio a pavio, o Subtenente José Ribamar esteve em campanha na Segunda Guerra Mundial. Do que ele viu, vivenciou e lutou, sua inteligente pena e perspicaz percepção consignaram nas poesias que perfazem sua obra literária máxima, Continência à Morte, seu maior legado que ele, no seu íntimo, sabia que haveria de ser às gerações futuras.
Outrossim, após o fim da guerra em maio de 1945, retornou ele a Itapetininga, município onde já havia estabelecido família e vínculos sociais que levaria para o restante da vida.
Pelos relevantes serviços prestados junto à FEB em ações de combate no teatro italiano contra forças nazi-fascistas, José Ribamar foi agraciado com a Medalha de Campanha e a Medalha de Guerra.
Pouco menos de ano e meio depois de seu retorno ao Brasil, por decreto de 18 de outubro de 1946, o Subtenente de Infantaria José de Ribamar deixava o serviço ativo para ingressar na reserva de 1° classe do Exército Brasileiro em concordância com o Artigo 74 do decreto lei de n° 3940 de 16 de dezembro de 1941. Por força do Artigo 54 desse mesmo decreto lei, sua passagem para a reserva lhe conferiu o direito à promoção ao posto de 2° Tenente da reserva de 1° classe.
Por decreto de 16 de outubro de 1952, José Ribamar foi promovido ao posto de 1° Tenente por ter sido “oficial das Forças Armadas que serviu no teatro de guerra da Itália”, em concordância com o artigo 1° da Lei n° 288 de 8 de junho de 1948.
Por ter atingido a idade limite como 1° Tenente da reserva de 1° classe, em concordância com a Lei n° 2379 de 9 de dezembro de 1954, José Ribamar teve sua carreira militar encerrada ao ser reformado neste posto por decreto de 26 de maio de 1964.
Mas alguns anos antes de sua reforma, estando na reserva, José Ribamar ainda prestaria um serviço à sua Pátria que foi a publicação de Continência à Morte, no ano de 1951, sob o pseudônimo de “Santo Montello”, nome do meio de sua mãe D. Balbina de Santo Montello Furtado.
E foi por intermédio desse livro, na essência e profundidade dos versos que escreveu, que possível foi a ele arregimentar a memória e os feitos de todos os seus camaradas itapetininganos que com ele deixaram o 5° Batalhão de Caçadores para tomarem das armas na luta pela Liberdade e Democracia.
Nestes setenta anos de comemoração do Dia da Vitória (1945-2015), seus dignos amigos, familiares, admiradores, estudiosos e entusiastas podem ter em mãos suas palavras, sua expressão última que sobrepujou a morte à qual ele prestou a sua derradeira continência em 27 de maio de 1983, três dias depois do Dia da Infantaria, 24 de maio, arma que José Ribamar soube honrar, tanto na paz quanto na guerra, desde quando sentara praça soldado no lendário Batalhão Barão de Caxias.
José Ribamar de Montello Furtado foi sepultado no Cemitério de Itapetininga. Seu túmulo encontra-se à poucos metros do jazigo do 5° Batalhão de Caçadores, unidade na qual fora um de seus melhores oficiais.
Homenageado pelo Tiro de Guerra de Itapetininga com sua fotografia na Galeria dos Ex-Combatentes da FEB (1995), pela Prefeitura Municipal de Itapetininga com seu nome inscrito no Monumento aos Pracinhas Itapetininganos (2005) e pelo Portal dos Ex-Combatentes de Itapetininga com uma placa alusiva a sua condição de pracinha da FEB afixada em seu túmulo (2014) e com a co-organização desta edição comemorativa dos setenta anos do Dia da Vitória de Continência à Morte (2015), José Ribamar de Montello Furtado, bem como seus trinta e três companheiros itapetininganos partícipes da Segunda Guerra Mundial, estão longe de serem esquecidos.
Seus cinco filhos, Rachima, Maria Aparecida, Thomyres, José Ribamar, e Terezinha, onze netos Nadia, Wladmir, Alexander, Leonardo, Ana Paula, Luis Fernando, Márcia, Antônio Edison, Sandra, Flávia e Márcia, seus quinze bisnetos Karen, William, Natália, Felipe, Samara, Gabriel, Ana Clara, Lorenzo, Giovani, Gustavo, Guilherme, Juliana, Gabriela, Isabela e Beatriz e seus descendentes futuros serão sempre testemunhas incontestes disto.

Fontes:
Portal da Força Expedicionária Brasileira.
MREB-Brasil

quinta-feira, 6 de julho de 2023

terça-feira, 27 de junho de 2023

Expedicionário Paulo de Castro

Paulo de Castro veio de Santo Antônio do Monte para Lagoa da Prata, na década de 30 do século passado, na companhia dos pais, Vicente Cândido de Castro e Maria Guimarães de Castro. Aos 14 anos de idade, foi acometido de uma terrível infecção.
Fez tratamento com vários médicos, ficou anêmico, mas jamais perdeu a coragem e o entusiasmo pela vida. Para se curar, submeteu-se a uma dieta na base do caldo de feijão e taioba, os únicos alimentos que lhe paravam no estômago.
Mesmo doente, Paulo alistou-se no 11º Regimento de São João Del Rei. Curiosamente, durante o período em que esteve no Exército nada sentia da doença que o acometia em Lagoa da Prata.
Algum tempo depois, descobriu-se que a razão estava na água insalubre que bebia tirada de uma sisterna. Por este aspecto, a ida de Paulo para o exército foi providencial para sua sobrevivência.
No entanto, seu espírito de aventura e idealismo custou-lhe muito sacrifício durante o período em que permaneceu no 11º Regimento. Por ser voluntário era o último dos últimos. Sofreu todo tipo de humilhação da parte dos demais soldados. Esclarece, no entanto que, da parte dos comandantes, o tratamento era igual para todos, independentemente de serem convocados ou voluntários. Paulo ficou no 11º RI, de janeiro de 1941 a janeiro de 1942.
Embarcou para Itália com destino a guerra.
Segundo Paulo de Castro, em que pese a bravura do soldado brasileiro, nossas forças desconheciam as melhores táticas de guerra. Foram terríveis os nossos primeiros combates na Itália - diz ele. O batismo de fogo da FEB se deu quando ocupamos quatro cidades italianas, dominadas pelos alemães. Sem sucesso, fizemos três ataques a Monte Castelo, com vários mortos.
Diante do insucesso na tentativa de ocupar Monte Castelo, o comando das forças americanas orientou os brasileiros para que se acautelassem no sentido de preservar as vidas dos soldados. Diziam eles:
Uma pessoa leva 20 anos para se tornar soldado. Munições e canhões a gente faz em pouco tempo. Primeiro devemos atacar o inimigo com bombas e tiros, para depois prendermos os soldados inimigos que se salvaram do bombardeio. E assim foi feito!
Paulo, é DIRIGIR OU MORRER
Paulo de Castro é dos poucos lagopratenses que estiveram no campo de batalhas. Sua primeira participação ocorreu na estrada que ligava a cidade de Pistóia à zona de combate. Ele e outro soldado motorista seguiam em uma viatura carregada de armas, alimentos e munições para os companheiros que lutavam. De surpresa, foram atingidos pela artilharia alemã. Estilhaços de bombas atingiram em cheio o motorista do veículo que morreu na hora. Desfalecido ele tombou ao lado.
Susto! Pânico! Terror!
Em meio à confusão que se instalou, o comandante ordenou-lhe:
- Assuma o volante, Paulo.
- Mas não sei dirigir!
- Não importa, dirija, se vire. Temos que sair daqui.
Com muita dificuldade, Paulo ligou o veículo e saiu aos trancos e barrancos. A muito custo passou em meio ao bombardeio inimigo.
Jamais havia dirigido. Antes, apenas observava os movimentos dos motoristas. Foi num campo de batalha que Paulo de Castro conduziu um veículo pela primeira vez.
OSVALDO LOBATO E O ACIDENTE EM LIVORNO
Amigos, conterrâneos e companheiros de guerra, na Itália, Paulo de Castro e Osvaldo Lobato tiveram missões perigosas no combate às Forças do Eixo. Ficaram acampados num campo de caça de propriedade dos reis da Itália. 
Em dia de intensos combates, durante a viagem de Livorno ao campo de batalhas Paulo sofreu um terrível acidente. O jeep em que ele e um comandante viajavam era dirigido por outro soldado brasileiro.
Após a curva da estrada, o motorista assustou-se com a vinda de um comboio americano, em sentido contrário, conduzindo um enorme canhão. Freou bruscamente e o jeep desceu por um abismo de 30 a 40 metros.
Paulo e o companheiro que dirigia o jeep sofreram escoriações generalizadas. O veículo ficou imprestável. Socorridos, retornaram ao acampamento onde receberam novo jeep, sem qualquer repreensão dos superiores.
Paulo de Castro voltou da guerra, noivou e casou com Alexandrina Bernardes de Castro., teve uma vida plena e faleceu em 18 de fevereiro de 2022 aos 100 anos.
Fontes:
Blog: Ao Vendedor de Batatas.
Site Força Expedicionária Brasileira 

quinta-feira, 15 de junho de 2023

Baralho Segunda Guerra

Os baralhos sempre fizeram parte da vida dos soldados que estavam lutando em alguma guerra, já que essa era a maneira mais simples de passar o tempo e fazer esquecer um pouco a vida cotidiana estressante em uma zona de conflito.

Baralho usados pelos soldados na Segunda Guerra
Do mesmo fabricante  "United States Playing Card Company"que forneciam para as forças armadas americanas.
OBS: O baralho do meu acervo e um baralho tradicional.
(acervo O Resgate FEB)
Baralhos espiões 
Dentre as mais criativas invenções, uma delas chama a atenção pelo fator surpresa.
Durante a Guerra, a United States Playing Card Company uniu forças com agências de inteligência americanas e britânicas para criar um baralho de cartas muito especial.
Este baralho foi criado especificamente para ajudar os prisioneiros aliados a escaparem dos campos de prisioneiros de guerra alemães.

A invenção mirabolante, que ficou conhecida como o “Map Deck”, foi concebida de forma que escondia mapas de rotas de escape secretas entre as duas camadas de papel que compunham as cartas.
Quando mergulhadas em água, as duas partes poderiam ser separadas, revelando mapas ocultos que permitiriam aos prisioneiros uma fuga segura.
Devido à natureza da guerra, a história do mapa em si permaneceu em segredo por muitos anos após o fim do conflito.
O mistério em torno delas era tanto, que ninguém realmente sabia quantos deles foram produzidos ou quantos restaram.
Dizem que um deck se encontra em uma coleção privada e é possível que este seja o único exemplar remanescente
Fonte:
Blog COPAG.
Henrique Moura.
(Clique na foto para ampliar)


terça-feira, 13 de junho de 2023

Expedicionário Geraldo Antônio Sanfelice.

 

Memórias da segunda guerra mundial na Itália do Expedicionário Geraldo Antônio Sanfelice.
Gravemente ferido em combate.
Geraldo Antônio Sanfelice era natural da 4ª Colônia de Imigração Italiana no RS.
Geraldo Antonio Sanfelice havia servido no 7º Regimento de Infantaria, nos anos de 1940 e 1941. Portanto, era reservista quando foi convocado. Recorda que recebeu a carta de convocação para integrar a FEB das mãos de um cabo que viria a ser seu cunhado depois da guerra. Esse lhe disse: “Tu vais ter de ir a Santa Maria, te apresentar no quartel; foste convocado para a guerra”. Recebeu a notícia com naturalidade, sentimento compartilhado pelos seus pais. Afinal, era tempo de guerra e todos sabiam que, a qualquer momento, isso poderia acontecer.
Segundo Geraldo Sanfelice, houve quem se escondesse no mato ao saber que estavam entregando a carta de convocação, para não terem de recebê-la. Outros, mesmo recebendo a convocação, não se apresentaram no quartel. Alegavam que não iriam para uma guerra que não lhes dizia respeito, menos ainda para morrerem longe de casa. Um conhecido seu extraiu dois dentes incisivos superiores, pois soubera que os convocados que apresentassem problemas médicos ou odontológicos seriam dispensados na inspeção de saúde.
Sobre a travessia do Atlântico, no 5º escalão, diz: “Eu fique tão fraco que nem conseguia ir até o refeitório; por sorte, os amigos traziam as laranjas ou maçãs da sobremesa. De tão fraco que eu estava, precisei ser apoiado pelos amigos para descer do navio”.
Geraldo Sanfelice recorda que, apesar de ter descido do navio carregado pelos amigos, logo recompôs as forças e foi incluído no efetivo do 11º RI, de Minas Gerais. “Nunca fui a Minas, mas conheci muitos mineiros, que eram gente muito boa”. Com menos de duas semanas em solo italiano, por ser bastante experiente, foi escolhido para ir para o front. Recorda que encontrou o capitão Henrique C. Cardoso, com o qual servira no 7º RI, em Santa Maria. Esse lhe disse: “Amigo, como é que tu ‘deixou’ te pegarem para vir para a guerra? E agora tu ‘vai’ para a linha de frente... Respondi que não podia nem queria fugir da obrigação, e que estava na Itália justamente para isso. O jeito foi me entrosar ainda mais com os amigos mineiros e seguir em frente”.
“Em combate, os enfrentamentos com os tedescos eram sempre acirrados. Eles eram muito bem preparados e sabiam o que e como fazer. Por isso, tínhamos de estar sempre atentos. Nas horas de folga, o nosso ‘passatempo’ era cavar trincheiras. Quanto mais profundas, melhor. A tropa precisava estar em segurança. Os alemães eram soldados muito bem preparados e, se nós estávamos lá para vencê-los, tínhamos de ser melhores do que eles”.
Geraldo Sanfelice diz que participou de vários combates, desde pequenas escaramuças até enfrentamentos mais sérios. “Porreta Terme, Giulia, Modena, Montese, Zocca, Marano, Vignola, Collecchio, entre outras. Foram tantas cidades e vilas pelas quais passamos, que nem lembro mais de todas. Talvez esqueça alguma ou até misture a sequência.
No mapa, onde consta o roteiro da FEB, estão representadas as batalhas mais importantes, mas passamos por muitas vilas que não constam nele. Sempre que a gente chegava a algum lugar, a maior preocupação era cavar logo as trincheiras.
A ordem era não fazer algazarra, mesmo quando não havia iminência de combate. No entanto, descontrair era necessário. Sempre que havia uma folguinha, mesmo na linha de frente, o velho e bom baralho entrava em cena”.
Geraldo Sanfelice diz que, sempre que estacionavam em algum lugar, sem previsão de progressão imediata, faziam contato com a população local. A região era montanhosa e muita gente tinha criação de cabras. Assim, os pratos que os italianos serviam aos pracinhas eram a polenta e a carne de cabrito, acompanhados de vinho. Como descendente de italianos, sapecava o idioma desde criança, quando morava na Quarta Colônia de imigração italiana, no Rio Grande do Sul.
Apesar de haver muitos e diferentes dialetos na Itália, conseguia se comunicar com facilidade. Nas andanças pela Itália, passou por Mantova, terra natal de seu pai. “Uma italiana disse que era dia de festa; ia fazer polenta com guisado de cabrito, porque nós tínhamos liberado Mantova dos alemães. Então, para comemorar, mais polenta e vinho. Éramos vistos como libertadores. Os que tinham conduta correta eram recebidos com festa. Quem não a tivesse, teria de acertar as contas com a PE”, conclui. Cabe salientar que o regime disciplinar em zona de guerra era muito rigoroso. Transgressões disciplinares comuns eram resolvidas nas próprias unidades militares. Contudo, quando restava configurado algum crime, o julgamento cabia à Justiça Militar.
Sanfelice recorda que estava em Modena. O destino era Montese, pequena cidade sobre uma elevação que os alemães se empenhavam muito para manter, pela importância que tinha para a defesa das demais posições que ocupavam. “Quando eles perceberam a nossa aproximação, desencadearam intenso fogo de artilharia. Era apavorante, mas nós seguíamos em frente, protegidos por uma cortina de fumaça lançada pela nossa artilharia, ao mesmo tempo em que desfechava intenso bombardeio sobre eles. O barulho era ensurdecedor. A terra parecia tremer!
Em Montese, o cutuco foi forte. Os combates dentro de um centro urbano, e este era o caso, eram mais difíceis, mais acirrados, rua a rua, casa a casa... A tensão e o perigo eram constantes. Não dava para relaxar. O inimigo podia estar em qualquer esquina. Em qualquer casa ou ruína poderia haver uma mina ou armadilha pronta para explodir”.
Como perdeu a perna.
“Depois de Montese, seguimos em direção a Collecchio e Fornovo, onde havia grande contingente alemão, em fuga para o norte”. Durante o deslocamento, em 27 de abril, sofreu um grave acidente que o tirou de combate. “Estávamos seguindo por uma lavoura de trigo, que vinha até a cintura. Havia uma estrada de chão batido para atravessar. Todos estavam descontraídos, porque a imagem era muito bonita, num dia ensolarado. O tenente disse que a ordem era avançar. No que pisei na estrada, só ouvi um forte zum!, e senti uma ardência na perna”. Era uma mina antipessoal, deixada pelos alemães, que havia explodido. Percebeu que faltava um pedaço da perna e que estava todo ensanguentado. “Parte do joelho havia sido arrancada, deixando os ossos e os nervos expostos. Por sorte, a granada que explodiu pegou só na perna e não morri”.
Sanfelice faz questão de destacar a atitude de um amigo dos tempos de soldado, em Santa Cruz do Sul, que, por coincidência, encontrou no momento mais dramático da guerra: “O enfermeiro, cabo Benedito, muito meu amigo, prestou o socorro inicial, e de padiola, fui conduzido para o hospital de campanha. De lá, fui evacuado para o hospital de pronto-socorro, na retaguarda. Sentia bastante dor, mas fiquei lúcido. Só apaguei no hospital, quando me anestesiaram”.
“Eram cerca de onze horas da manhã, quando fui ferido. Lembro que, quando acordei, já era noite. Estava todo enfaixado, da cintura para baixo. Percebi que haviam amputado parte da perna, um pouco acima do joelho. Para a FEB, a guerra continuou e só terminou em Fornovo, mas eu fui ferido três dias antes, em Collecchio”, relata Sanfelice.
Evacuado de navio, após amputar a perna em um hospital de campanha, na Itália, foi levado a Denver, no Colorado, onde, após retirar mais um pedaço da perna, que havia gangrenado, iniciou o processo de recuperação física. Posteriormente, foi transferido para o Bushnell General Hospital, em Brigham City, no estado de Utah, onde recebeu uma prótese mecânica e realizou fisioterapia.
Geraldo Sanfelice passou por uma experiência desagradável. Ao ser ferido em combate e ter a perna amputada, talvez por má interpretação, a sua baixa foi considerada como morte e noticiada no jornal. Os parentes já haviam chorado a perda quando receberam a primeira carta dos Estados Unidos, informando que ele estava por lá, em tratamento. Anexou uma fotografia, na qual estava sem a perna. O morto havia renascido. Souberam que o guerreiro havia perdido uma perna na guerra, mas isso foi motivo de muita festa na 4ª Colônia.
Sanfelice recordava que estavam com ele Rubens Leite de Andrade, o capitão Yedo Blauth, os Sargentos Teles e Farias e outros tantos mutilados na guerra. Conforme dizia, o amigo Rubens era craque na sinuca e que, para descontrair eles iam ao clube, tirar dólares dos americanos.
Segundo Sanfelice, entre os pracinhas que estavam em recuperação, não havia baixo-astral, pois os amigos se apoiavam mutuamente. Além disso, recebiam a atenção das enfermeiras que, segundo ele, além de bonitas, eram muito atenciosas. Além disso, havia um programa de visitas de artistas norte-americanas que visitavam as enfermarias. O atendimento psicológico foi muito importante para manter a autoestima de todos. “O tratamento, nos Estados Unidos, foi muito bom. Recebíamos atendimento completo, tanto na parte física quanto na psicológica”.
O tempo de recuperação variava conforme a complexidade do caso. Sanfelice, após um ano e muitas sessões de fisioterapia depois, estava reabilitado e podia andar sem maiores problemas. A bordo de um navio de carga, de Nova Iorque, seguiu para o Rio de Janeiro. Após cumprir os trâmites burocráticos, no Hospital Central do Exército e no Ministério da Guerra, mais de um ano e meio após ter partido de Santa Maria, estava liberado para retornar à casa da família.

Fontes:
Sirio S. Fröhlich
Vozes da Guerra
Navalha - Um batalhão brasileiro na Linha Gótica.
Site Força Expedicionária Brasileira. 

terça-feira, 6 de junho de 2023

Caixa de fosforo Segunda Guerra.

Caixa de fosforo entregue ao exército americano e aliados durante a Segunda Guerra.

(acervo o Resgate FEB)
(Clique na foto para ampliar)


segunda-feira, 29 de maio de 2023

Ferido em combate.


Memórias da Segunda Guerra na Itália, Expedicionário Raul Kodama.
Nascido em 1917, Raul Kodama foi um exemplo típico dessa miscigenação. Seu pai, Ryoichi Kodama, chegou ao Brasil em 1908, no primeiro navio vindo do Japão: o Kasato Maru.
Raul Kodama filho primogênito de Ryoichi Kodama tinha apenas 9 anos quando sua família veio para o interior de São Paulo na cidade de Presidente Prudente onde seu destino começa a ser traçado.
Ao pequeno Kodama foi ensinada somente a Língua Portuguesa. “Lembro que, quando criança, não sabia que era japonês. Não via diferença entre mim e os outros garotos", dizia ele. Mais tarde, quando foi matriculado numa escola frequentada por outros descendentes de japoneses, seus colegas lhe deram um apelido depreciativo (em japonês) relativo à sua mãe. O jovem ficou furioso quando descobriu o significado da palavra: "Eu quebrei a escola toda!", recordou.
Quando Kodama se tornou escoteiro e aos 22 anos já tinha feito o Tiro de Guerra e no começo de 1944 aos 28 anos ele foi convocado para a guerra.
Sobre ir para guerra Raul dizia:
Quando fui convocado, tinha acabado de conseguir um bom emprego. Primeiro eu tentei ser voluntário do Exército e não me aceitaram. Aí pensei: ‘quando eu quis, não me quiseram. Agora que estou bem, vou ter de ir para a guerra…’. Era injusto.
Mas não teve jeito. Minha família não se manifestou, eles moravam em Presidente Prudente e eu em São Paulo. Nem pensei em fugir. Não queria desertar por ser japonês. Se um japonês fosse embora, iriam dizer que todos os outros japoneses eram covardes.
A sorte é que não sofri por ser oriental.
Na Vila Militar do Rio de Janeiro, o coronel José de Souza Carvalho me tratava muito bem. Meu espírito foi preparado para a guerra.
Desembarcou em Nápoles-Itália onde seguiu para Livorno, Pistóia e Porreta Terme.
Kodama serviu na 2ª Bateria do III Grupo de Obuses 105 mm, Grupo Bandeirante.
Na Itália, eu distribuía munição para os soldados do meu batalhão.
"Quando chegamos à Itália, desembarcamos em Nápoles e depois fomos em barcaças para Livorno e de lá fomos para a linha de fogo, para o front. Já tínhamos recebido as viaturas todas e fomos de caminhão. Naquela época eu era motorista.
Cada Bateria tinha o seu caminhão; a gente não sabia nada sobre o itinerário, chovia muito à noite e não se enxergava nada. Tive a ideia de colocar uma toalha branca nas costas dos soldados, que iam em fileiras, permitindo-nos acompanhar com o caminhão a fileira e assim chegarmos ao acampamento."
Raul conta como foi ferido:
Acabei ferido em Porreta Terme. Fui levar soldados para tomar banho perto do acampamento, abasteci o caminhão e estava esperando para ir embora.
Nisso, começou o bombardeio, e um estilhaço de bomba acertou meu pé. Senti um calor, mas não senti dor. Um soldado que ia passando de jipe teve a cabeça decepada. Deitei-me e comecei a me arrastar até encontrar um lugar para me proteger.
Foi seriamente ferido por estilhaços de artilharia inimiga, que atingiram-lhe a perna, abdômen, tórax e braço.
Fui levado para Pistóia, e os médicos ficavam comentando se cortariam o meu pé, mas não foi preciso. No hospital de Nápoles, conheci outro nikkei, Kyossi Hirata.
Lá, usei do fato de ter feições japonesas a meu favor. Como os americanos tinham total liberdade e os brasileiros não, me fingi de descendente de japonês americano e andava livremente pelos cantos do hospital. 
Evacuado para tratamento nos EUA, retornou ao Brasil somente em 1946.
Raul contava ainda que:
Quando a guerra acabou, foi complicado. Voltei neurótico, brigava com todo mundo. Não tive problemas com os japoneses daqui quando cheguei. Se alguém perguntava, eu dizia que não tinha pedido para ir à guerra.
"Eu por exemplo, quando cheguei da guerra, a minha família pensava que eu estava louco. Eu ainda fui parar no Hospital das Clínicas, aqui em São Paulo, como louco, mas é porque a gente viveu aquilo tudo, aqueles horrores da guerra, então a gente perde aquele sentimento humano. Isso é conseqüência da guerra, que com o passar dos tempos a gente vai voltando ao normal.
Então, antes de me casar, eu pensava: como é que iria ser a minha vida. Eu não podia ficar no meio de muita gente, de multidão, que me dava vontade de quebrar, de bater, era uma certa neurose que com o tempo foi passando".
Raul Kodama sempre demonstrou orgulho de ser brasileiro, de ter servido ao Exército na guerra, e da mistura de raças característica do Brasil: "Meu capitão comandante de bateria era alemão, o coronel era português, e eu japonês", lembrava ele.
Em São Paulo no ano de 1958 casou-se com Alice Yoko Yoshime com quem teve dois filhos Nelson e Aristeu Kodama.
O pracinha conhecido por seu bom humor, e querido por todos, faleceu em 17 de Outubro de  2015 com  98 anos idade.

Fontes:
Raul Kodama
Ryoichi Kodama
MADE IN JAPAN
Navalha - Um batalhão brasileiro na Linha Gótica.
Site Força Expedicionária Brasileira. 

segunda-feira, 22 de maio de 2023

Cinto FAB


Raro cinto da FAB do periodo da Segunda Guerra, marca do fabricante "AE". Pertenceu ao veterano GERALDO GUIA DE AQUINO. Ele foi oficial da Aviação do Exército, posteriormente da FAB na Segunda Guerra Mundial, tendo recebido a Cruz de Aviação fita B, entre outras condecorações. Foi também o responsável pelo resgate e translado da aviadora Jean Batten, quando se acidentou no Brasil. 

(acervo O Resgate FEB)

(clique na foto para ampliar)


segunda-feira, 15 de maio de 2023

Cartão postal de um pracinha de Curvelo.

Mais um dos vários cartões postais do Tenente Pedro Rodrigues a sua família em Curvelo
(Acervo particular de família)

Tenente Pedro Rodrigues.

segunda-feira, 8 de maio de 2023

Expedicionário Isaac de Souza

Isaac de Souza nasceu no dia 27 de abril de 1920 em Santo Antônio de Pádua no estado do Rio de Janeiro e, com 6 meses de idade, foi trazido por seus pais, Olímpia de Souza e Manoel Luís de Souza, de Santo Antônio de Pádua (RJ) para Carabuçu, distrito de Bom Jesus do Itabapoana, onde passaram a morar em um casarão localizado na região conhecida como Vala. Foi ali que Isaac residiu a maior parte de sua vida. Teve 10 irmãos do primeiro casamento de seu pai e 4 do segundo casamento, após a viuvez deste.
Isaac estudou com a professora Conceição, contratada por seu pai. As aulas ocorriam no próprio casarão da família, no período noturno, para não prejudicar o trabalho na lavoura.
Casou-se com Iná Braga de Souza, nascida em Itaperuna (RJ), no dia 27/7/1930. Iná é filha de João Batista da Silva Braga, oriundo de São Sebastião do Alto (MG), e Anna de Freitas Penna, de Comendador Venâncio, distrito de Itaperuna (RJ).
Isaac foi chamado a servir ao Exército quando tinha 21 anos de idade. Foi incorporado no 1º Regimento de Infantaria. 
Depois de alguns meses treinando, embarcou para Itália no segundo escalão em 22 de setembro de 1944.
No navio que levou os pracinhas à Itália, Isaac recebeu um manual para a viagem e cartões para trocar por refeições que eram em geral enlatadas.
Isaac contava que na Itália, os cigarros norte-americanos eram distribuídos para a tropa, ele acabava vendendo os cigarros que eram destinados a ele e mandava o dinheiro para seu pai, que acabou comprando, com esse dinheiro, uma junta de boi”.
Fatos contados por Isaac: 
Certa vez, estava em um jeep dirigido por um amigo. Quando viram o avanço das tropas inimigas, resolveram entrar numa grande casa abandonada. Ocorre que houve, repentinamente, uma explosão de granada, que fez com que a parede caísse sobre o amigo, matando-o. Passado o perigo, Isaac puxou o corpo pela mão do amigo morto, colocou-o nas costas e levou-o para enterrá-lo.
Um fato ocorrido próximo ao Monte Castelo, onde estavam entrincheirados os alemães. “Quando Isaac e os demais soldados brasileiros chegaram próximo ao local, era noite e não tinham noção exata de onde se encontravam. Resolveram, então, deitar-se para dormir. Repentinamente, passaram a sentir objetos arredondados encostarem nos seus corpos. Todos os pracinhas ficaram apavorados, porque supunham serem granadas lançadas pelos alemães, que poderiam explodir a qualquer movimento dos brasileiros. Ninguém dormiu a noite inteira, permanecendo imobilizados. Quando acordaram é que observaram que estavam embaixo de uma árvore de maçãs, que caiam e encostavam-se nos corpos dos soldados.”
Na Itália, Isaac de Souza permaneceu por cerca de um ano, participando, contudo, dos enfrentamentos por cerca de 11 meses.
Retornou ao Brasil em 22 de agosto de 1945.
Passada a euforia com a vitória na 2ª Guerra Mundial e o retorno dos pracinhas ao Brasil, os sonhos viraram pesadelos.
Para se conseguir a reforma (aposentadoria), os pracinhas teriam de se internar em um Hospital Militar para realizarem diferentes exames e avaliações.
Isaac internou-se no Hospital Militar juntamente com os seguintes soldados: João Batista de Aguiar, Florentino P. Vantuil (Cachoeiro de Itapemirim), Argemiro Caetano de Oliveira (MG), Pio Romão (Cuiabá) e Fernando Cruz (Belo Horizonte)
A tão almejada reforma, contudo, só passou a ser automática após 25 anos do fim da Guerra. A reforma de Isaac foi publicada no Diário Oficial no ano de 1969.
Isaac e Iná tiveram cinco filhos: Eulina, Humberto, Eliane, Oduvaldo e Telma.
Fonte:
O norte fluminense
Site Força Expedicionária Brasileira.