segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Expedicionário Kunio Ojima.

 

Em 1941, quando servia o Exército no 5º Batalhão de Caçadores, em Itapetininga, Kunio Ojima, não imaginava o que o aguardava. 
Prestes a ser liberado do serviço, viu-se diante do início da Segunda Guerra Mundial e teve de permanecer no quartel até embarcar em 1944 para a Itália, integrando o 9º Batalhão de Engenharia.
Kunio Ojima, de ascendência japonesa.
Antes de ir para a FEB, sofreu com o preconceito de alguns superiores no Exército, que tinham a ideia errada de que ele poderia ser um espião do Eixo.
É importante dizer que mesmo havendo dezenas de filhos e netos de japoneses lutando pela FEB, existiram no Brasil, campos de prisioneiros em que famílias que nada tinham a ver o Japão Imperial do Eixo (a não ser a procedência), foram encarceradas durante os anos de guerra. Muitos imigrantes tiveram bens confiscados, foram vigiados e perseguidos.
Kunio embarcou para Itália em 22 de setembro de 1944 e foi do 9º Batalhão de Engenharia.
Participou de várias missões e viu companheiros feridos e mutilados durante os 11 meses em que esteve em combate.
Kunio Ojima contou que:
“Quando fui escalado para ir à guerra, em 1944, não pensei que estava traindo a Pátria de meus pais. Não senti nada. Estava cumprindo com minha obrigação como soldado. Na Itália, minha função era construir pontes e desativar minas, andando sempre na frente da infantaria. O mineiro erra só uma vez, porque quando erra morre. Os mandamentos que recebíamos eram que, se encontrássemos fios esticados, não podíamos cortar e, se estivesse bamba, não podíamos puxar. O barulho das bombas era tanto que fiquei neurótico.”
Falava que tinha neurose de guerra e que não conseguia ouvir musica com volume alto e que os rojões e bombinhas o deixavam muito nervoso.
Kunio também dizia que:
“Foi bom ter ido à guerra como engenheiro. Não fui para matar. Depois que voltei ao Brasil, as coisas também não foram tão tranquilas. Em Piedade, disseram que meu nome estava na lista dos perseguidos pela Shindo Renmei. As pessoas não acreditavam que eu tivesse lutado na Segunda Guerra. Mas não gosto de falar dessa época. É ruim de lembrar.”
Kunio retornou ao Brasil em 22 de agosto de 1945. Após a guerra constituiu família e faleceu em 2006, aos 86 anos de idade.

Fontes:
Marianne Nishihata.
Made in Japan.
V de Vitória
Site Força Expedicionária Brasileira. 

terça-feira, 1 de agosto de 2023