terça-feira, 27 de junho de 2023

Expedicionário Paulo de Castro

Paulo de Castro veio de Santo Antônio do Monte para Lagoa da Prata, na década de 30 do século passado, na companhia dos pais, Vicente Cândido de Castro e Maria Guimarães de Castro. Aos 14 anos de idade, foi acometido de uma terrível infecção.
Fez tratamento com vários médicos, ficou anêmico, mas jamais perdeu a coragem e o entusiasmo pela vida. Para se curar, submeteu-se a uma dieta na base do caldo de feijão e taioba, os únicos alimentos que lhe paravam no estômago.
Mesmo doente, Paulo alistou-se no 11º Regimento de São João Del Rei. Curiosamente, durante o período em que esteve no Exército nada sentia da doença que o acometia em Lagoa da Prata.
Algum tempo depois, descobriu-se que a razão estava na água insalubre que bebia tirada de uma sisterna. Por este aspecto, a ida de Paulo para o exército foi providencial para sua sobrevivência.
No entanto, seu espírito de aventura e idealismo custou-lhe muito sacrifício durante o período em que permaneceu no 11º Regimento. Por ser voluntário era o último dos últimos. Sofreu todo tipo de humilhação da parte dos demais soldados. Esclarece, no entanto que, da parte dos comandantes, o tratamento era igual para todos, independentemente de serem convocados ou voluntários. Paulo ficou no 11º RI, de janeiro de 1941 a janeiro de 1942.
Embarcou para Itália com destino a guerra.
Segundo Paulo de Castro, em que pese a bravura do soldado brasileiro, nossas forças desconheciam as melhores táticas de guerra. Foram terríveis os nossos primeiros combates na Itália - diz ele. O batismo de fogo da FEB se deu quando ocupamos quatro cidades italianas, dominadas pelos alemães. Sem sucesso, fizemos três ataques a Monte Castelo, com vários mortos.
Diante do insucesso na tentativa de ocupar Monte Castelo, o comando das forças americanas orientou os brasileiros para que se acautelassem no sentido de preservar as vidas dos soldados. Diziam eles:
Uma pessoa leva 20 anos para se tornar soldado. Munições e canhões a gente faz em pouco tempo. Primeiro devemos atacar o inimigo com bombas e tiros, para depois prendermos os soldados inimigos que se salvaram do bombardeio. E assim foi feito!
Paulo, é DIRIGIR OU MORRER
Paulo de Castro é dos poucos lagopratenses que estiveram no campo de batalhas. Sua primeira participação ocorreu na estrada que ligava a cidade de Pistóia à zona de combate. Ele e outro soldado motorista seguiam em uma viatura carregada de armas, alimentos e munições para os companheiros que lutavam. De surpresa, foram atingidos pela artilharia alemã. Estilhaços de bombas atingiram em cheio o motorista do veículo que morreu na hora. Desfalecido ele tombou ao lado.
Susto! Pânico! Terror!
Em meio à confusão que se instalou, o comandante ordenou-lhe:
- Assuma o volante, Paulo.
- Mas não sei dirigir!
- Não importa, dirija, se vire. Temos que sair daqui.
Com muita dificuldade, Paulo ligou o veículo e saiu aos trancos e barrancos. A muito custo passou em meio ao bombardeio inimigo.
Jamais havia dirigido. Antes, apenas observava os movimentos dos motoristas. Foi num campo de batalha que Paulo de Castro conduziu um veículo pela primeira vez.
OSVALDO LOBATO E O ACIDENTE EM LIVORNO
Amigos, conterrâneos e companheiros de guerra, na Itália, Paulo de Castro e Osvaldo Lobato tiveram missões perigosas no combate às Forças do Eixo. Ficaram acampados num campo de caça de propriedade dos reis da Itália. 
Em dia de intensos combates, durante a viagem de Livorno ao campo de batalhas Paulo sofreu um terrível acidente. O jeep em que ele e um comandante viajavam era dirigido por outro soldado brasileiro.
Após a curva da estrada, o motorista assustou-se com a vinda de um comboio americano, em sentido contrário, conduzindo um enorme canhão. Freou bruscamente e o jeep desceu por um abismo de 30 a 40 metros.
Paulo e o companheiro que dirigia o jeep sofreram escoriações generalizadas. O veículo ficou imprestável. Socorridos, retornaram ao acampamento onde receberam novo jeep, sem qualquer repreensão dos superiores.
Paulo de Castro voltou da guerra, noivou e casou com Alexandrina Bernardes de Castro., teve uma vida plena e faleceu em 18 de fevereiro de 2022 aos 100 anos.
Fontes:
Blog: Ao Vendedor de Batatas.
Site Força Expedicionária Brasileira 

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