domingo, 29 de novembro de 2020

Distintivo do IV Grupo de Artilharia da FEB

Antigo e raro distintivo do IV Grupo de Artilharia da FEB, da decada de 60, bordado a mão.
(acervo O Resgate FEB)


Pintura feita por eles na Itália do emblema da artilharia , encontrei num trator M 5 usados por eles na Itália.O M5 encontra em Brasília.
Histórico:
O Decreto-Lei 6.070-A, de 6 de dezembro de 1943, criou o Grupo do 1º Regimento de Artilharia Pesada Curta (I/1º RAPC) integrar a Força Expedicionária Brasileira na 2ª Guerra Mundial. A Unidade, que durante o conflito recebeu a designação de IV Grupo de Artilharia, se destacou por ser a tropa de mais alto calibre da Artilharia Brasileira em solo italiano.
O então IV Grupo foi o que mais cumpriu missões de tiro nas batalhas mais importantes da FEB: foram 51 missões em Monte Castelo (21 Fev), 60 missões em Castelnuovo (4 e 5 de Mar) e em Montese, apenas em 14 de abril, foram realizados 1348 tiros, ou seja, o Grupo Consumiu sozinho mais da metade do total de granadas lançadas pela FEB. Tal participação foi tão decisiva que a Unidade recebeu em 1978 a designação histórica de ‘‘Grupo Montese’’.
Atuou nos combates de La Serra, Santa Maria Villiava, Rocca Pitigliana e apoiou a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária na conquista de Soprassasso e Castelnuovo. Em 4 de abril de 1945, recebeu ordem para destruir importante ponte sobre o rio Panaro, o que foi feito pela 2ª Bateria de Obuses.
Participou na jornada de 14 de abril de 1945, que assinalou o início da última ofensiva aliada na Itália, apoiando a progressão do 11.º Regimento de Infantaria, o que contribuiu para o desmantelamento do sistema defensivo inimigo.
Para acelerar o cerco à 148.ª Divisão Alemã na bacia do rio Taro, recebeu a missão de deslocar-se para Collecchio-Fornovo. Não chegou a abrir fogo, mas suas viaturas foram usadas para o deslocamento do 6.º Regimento de Infantaria, em cujo posto de comando se deu a rendição daquela Divisão.
De volta ao Brasil, instalou-se novamente na Vila Militar do Rio de Janeiro. Nos anos 1970, recebeu sua denominação atual de 11.º Grupo de Artilharia de Campanha.
Pesquisa: Wikipédia

domingo, 22 de novembro de 2020

Thunderbolt depenado.

 P-47 depenado!

27/janeiro/1945
Casarsa, nordeste da Itália, a 410 km de Pisa
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Mais um dia gelado e de céu azul. A cinco mil pés, os P-47 da FAB oscilam suavemente ao ritmo das turbulências, com as hélices marcando círculos amarelados. Em seus cockipts os pilotos não conseguem discernir se o sol esquenta ou esfria ainda mais a cabine; e a intensa claridade obrigam-nos ao uso constante de óculos com lentes escuras.
A Esquadrilha Amarela está empenhada naquilo que os Jambocks mais gostam de fazer: atacar alvos de oportunidade. Voando em pares, os P-47 se protegem mutuamente e atiram em tudo o que se mexe sobre rodas. 
O Tenente Dornelles, no P-47 código B4, voa um pouco à frente e acima do P-47 código A6 do Tenente Canario, olhos atentos varrendo as colinas e vales cobertos de neve.
Súbito uma voz grita no rádio: “veículo às 4 horas, saindo rápido!”. Um semi track de 8 ton. Sd.Kfz, provavelmente flakvierling, pois está coberto com encerado. Se for mesmo é preciso agir rápido. Dornelles manda o A6 pra cima dele e o Thunderbolt quebra imediatamente a formação, mostrando seu volumoso ventre cinza claro.
Canario não perde tempo e atira uma primeira salva, cujas balas se perdem numa colina próxima. Dornelles, por sua vez atira, mas o motorista do caminhão derrapa habilmente numa curva e consegue escapar. De novo, Canario em posição e ainda mais baixo, atira uma longa salva atingindo em cheio o veículo que estoura como uma granada, numa explosão seca e repleta de estilhaços.
Fascinado pelo espetáculo e sem perceber, seu P-47 voa ao encontro de uma chaminé. No último instante ele enxerga o obstáculo e gira desesperado, tentando tirar a asa do caminho, mas é tarde demais. 
No cockipt, o piloto sente o impacto como uma chicotada que reverbera nos pedais, sentida nos pés e pela mão enluvada que segura o manche. 
Devido à formidável inércia e massa, o avião derruba a construção em meio a uma nuvem de fumaça, tijolos e pedaços de alumínio e sai do outro lado, rolando como se fosse entrar num tonneau. 
Por um breve segundo, Canario fecha os olhos preparando-se para o pior, mas agindo quase por instinto acelera e cabra ligeiramente o manche, levantando o nariz do avião. É preciso evitar que o P-47 se volte sobre o dorso. 
Após retomar o controle, Canario perplexo, observa que onde deveria existir estrutura do avião, agora enxerga o solo deslizando lá embaixo. Falta-lhe quase um metro e trinta de asa! 
Dornelles emparelha ao seu lado e, de queixo caído, vê pedaços de metal balançando e escapando pelo ar. Incrivelmente o Thunderbolt continua voando, graças a perícia do seu piloto!
Crispado nos comandos do danificado avião, Canario luta para manter o equilíbrio, enquanto Dornelles imagina o melhor rumo para o retorno. “Vamos pelo Adriático”, grita ele pelo rádio. 
O P-47 danificado vibra, oscila, mas mantem-se nivelado apesar de tudo. Os dois aviões sobrevoam Veneza e seguem para o sul, evitando uma área de proteção antiaérea.
O voo prossegue relativamente bem, até as imediações de Chioggia quando, então, as coisas se complicam. Dois caças cruzam e atacam os aviões brasileiros. Impossibilitado de fazer qualquer manobra brusca, Canario permanece no seu nível de voo, enquanto Dornelles faz frente aos atacantes mostrando os dentes. 
Mas que merda é essa? São Spitfires da RAF! Ao perceberem o equívoco, os ingleses balançam as asas em saudação e afastam-se em direção ao continente. Caramba! 
Passado o susto, Dornelles volta à posição de fiel escudeiro prosseguindo em formação.
Já próximo à Pisa, o tempo aberto no início da manhã deu lugar a uma cobertura 3/8, dificultando a visualização de solo. Diante isso, Dornelles pede a Canario para manter-se em altitude, enquanto ele desce para obter auxílio e instruções à torre. 
Contudo, esgotado e pressionado pelo longo e angustioso voo, Canario se precipita e desce juntamente com o líder, a quem só resta orientar o A6 para uma aproximação reta.
Quando tudo parecia que ia dar certo, a torre ordena para afastarem-se e fazer mais um circuito. Um P-61 Black Widow americano, ainda em piores condições, estava com prioridade! 
Irritado, Canario imagina o que poderia ser mais prioritário do que um P-47 sem asa! Mas, não teve jeito. Fazendo curvas quadradas e tensas, se arriscando à eminente perda de sustentação, ele executa mais um circuito e, finalmente então, coloca as rodas do depenado Thunderbolt no chão. 
Seu P-47 não o abandonara.

por Joaquim Domingues

Em homenagem ao Tem.Raymundo da Costa Canario, o quadro original do Thunderbolt foi doado pelo Roberto Celegatti e Joaquim Domimgues  (Contos do Céu) à sua filha Zulmira C anario Pope moradora na Barra da Tijuca RJ.

"Thunderbolt depenado" Essa maravilhosa aviation  Art foi produzida pelo artista  Roberto Celegatti, especialmente para essa publicação. 

Roberto Celegatti, autor da aviation art, é Sub oficial da Força Aérea Brasileira.Formado em 1988 pela EEAR - Escola de Especialista de Aeronáutica  que forma o pessoal  técnico  da FAB, Celegatti  trabalhou na Divisão de Ensino da seção  da Académica  da Força Aérea em Pirassununga.Desde 2011 faz parte da reserva da FAB.

Como dois velhos camaradas de armas , o A6 e o B4 agora descansam nas instalações do MUSAL no Rio de Janeiro .
Se pudessem falar ....Foto  gentilmente cedida pelo Waldemar Azevedo.

Tenente  Raymundo  da Costa Canario.

Os danos no A6 examinados pelos mecânicos.
Esse P47 é o serial 44-19663.Sobreviveu a guerra e veio para o Brasil.
O Thunderbolt  A - 6, com o saudoso Brigadeiro Lauro Ney Menezes. 

Matéria: Conto do Céu. 

domingo, 15 de novembro de 2020

Máscara alemã contra gás.

 Máscara alemã, M 38 contra gás e recipiente original da Wehrmacht da Segunda Guerra Mundial, datado de 1944. Falta as alças de transporte e tem a marca do fabricante com 3 letras e a data 44. Pintura original. (acervo O Resgate FEB)

Datado de 1944.



(Clique na foto para ampliar)

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Anjos de Branco – 2º Tenente Enfermeira Maria de Lourdes Mercês






O que a vida me ensinou!
Apesar de ser ainda muito jovem a vida me ensinou algumas coisas como:
Dizer bom dia, boa tarde, boa noite, mesmo para pessoas que nunca vi antes; Calar-me para ouvir os mais velhos;
Aprender com meus erros;
Lutar para realizar meus projetos mesmo que para os outros não faça sentido;
Ser solidário e ouvir a todos que precisam apenas desabafar;
Tolerar e perdoar aqueles que tentam de alguma forma me frustrar;
Sonhar. Isso ainda nos é permitido não importa a raça, religião ou condição social;
Entender que o sentido da vida está na simplicidade das coisas;
Não conter as lágrimas quando a dor ou a emoção as exigirem;
Aproveitar o presente fazendo minhas próprias escolhas.
Reconhecer e agradecer uma boa ação ou trabalho realizado;
Compartilhar e servir ao próximo e outras lições.
Qual a fonte dessa sutil sabedoria?
Pais, amigos, professores, idosos e pessoas como a carioca MARIA DE LOURDES MERCÊS, que contagiava as pessoas com seu sorriso livre e sincero. Assim como o de uma criança.
Uma mulher marcante surpreendentemente humana que tinha o dom de escutar calmamente cada palavra de seus interlocutores. Ela não media esforços para colaborar com o próximo e talvez tenha sido esse o motivo que fundamentou a carreira profissional na área da Saúde.
Quando ouviu a notícia da guerra Maria não se importou em apontar culpados. Antes de agir ela desejou que o conflito acabasse e que os homens que definiam as estratégias dos combates fossem guiados pelos conceitos que representam a palavra civilização. Desejou que os instintos não superassem o desejo de paz. Infelizmente nem tudo o que se anseia se torna realidade.
Como a paz se recusava a dar o ar de sua graça, era preciso fazer algo. Tinha que ser alguma coisa ao seu alcance. Tinha que ser representativo. Tinha que ser diferente. Tinha que ter sinergia entre seus conceitos morais. Tinha que ser exemplar.
Não precisou de muita reflexão para chegar a uma resposta convincente. A filha do Sr. Alfredo Mercês e Maria Mercês decidira por se alistar e rapidamente transformou pensamento em ação. Obteve referências que chancelara sua aptidão no Curso de Enfermagem Samaritana da Cruz Vermelha Brasileira e Curso de Emergência de Enfermeiras da Reserva do Exército (CEERE) – 1ª Turma – DF – 1ª Região Militar.
Foi nomeada Enfermeira 3a Classe, pela Portaria nº 6.292 (D.O. de 6.4.44) e convocada para o Teatro de Operações da Itália, através da Portaria nº 6.382 (DO 22.4.44). No dia em que partiu para o front, com o 14º Grupo, em 19.10.1944, lembrou-se de tudo o que vivera até ali. Recordou sua doce infância em Petrópolis. E idealizou o que faria para minimizar os danos da guerra quando chegasse no front.
No 16th Evacuation Hospital em Pistóia, Maria se deparou com dezenas de feridos e entendeu muito rapidamente que a continuação da guerra significaria mais derramamento de sangue, mais mortes, mais crueldade, mais mães chorando a perda de seus filhos, mais tristeza e mais destruição. Então o sorriso de seus lábios sumiu. Sentiu pena da intolerância dos homens e mais uma vez rogou pela paz.
Sentiu-se impotente por um instante. Era quase insuportável ver aqueles homens morrendo e sendo mutilados física e psicologicamente pela estupidez da guerra. Saiu do estado de reflexão por conta de um lamento de um ferido. Maria conteve as lágrimas, resgatou o sorriso das garras da tristeza e atendeu o paciente.
Durante aquele procedimento ela reencontrou suas forças. Maria agradeceu por estar respirando e em ótimas condições de saúde. Era exatamente este estado que lhe permitiria salvar, uma, duas e várias vidas. Então ela se entregou ao trabalho com tanta dedicação que negligenciou a própria saúde. Queria servir. Achava que o desconforto não passava de um simples mal estar passageiro. Essa postura custou-lhe três baixas ao hospital.
Teimosa insistia em voltar para ação antes de se recuperar completamente. Por fim, para vencer a insistência, sua chefia decidiu por retirá-la do front e o caminho mais rápido seria via Estados Unidos.
À volta para casa se deu a bordo do Army Hospital Ship. Chegou ao Brasil em 8.7.45 onde foi internada no Hospital Central do Exército para recuperar sua saúde perdida momentaneamente por uma boa causa.
Sua carreira no Exército foi encerrada através da Portaria nº 8.078 (D.O. de 5.4.1945). Nossa heroína foi reformada no Posto de 1º Tenente e pela dedicação recebeu a Medalha de Campanha.

Fonte de apoio e consulta:
VALADARES, Altamira Pereira. Álbum Biográfico das Febianas.  Centro de Documentação Histórica do Brasil. 1976. 116p.
Vanderley Santos Vieira, é Jornalista, especialista em Comunicação.
Portal FEB.

domingo, 1 de novembro de 2020

Decalque Escuderia da FEB - Segunda Guerra


Antigo decalque d’água “Escuderia da FEB”, ladeado com as inscrições das batalhas e lugares que a Força Expedicionária Brasileira passou e no centro distintivos das unidades. Feito logo após a Guerra. Proibido a reprodução pela FEB. 

Medidas: 24 x 16,5 cm.
(Acervo o Resgate FEB)
(clique na foto ampliar)