A Batalha de Monte Castelo foi travada ao final da Segunda Guerra Mundial, entre as tropas aliadas e as forças do Exército alemão, que tentavam conter o seu avanço no Norte da Itália. Esta batalha marcou a presença da Força Expedicionária Brasileira (FEB) no conflito. A batalha arrastou-se por três meses, de 24 de novembro de 1944 a 21 de fevereiro de 1945,  durante os quais se efetuaram seis ataques, com grande número de baixas  devido a vários fatores, entre os quais as temperaturas extremamente  baixas. Quatro dos ataques não tiveram êxito, por falhas de estratégia.A 21 DE FEVEREIRO de 1945,             a FEB tomou de assalto o Monte Castelo, posição fortemente             organizada e presumivelmente inexpugnável, não somente             pela situação privilegiada de dominância como por            estar  defendida por um adversário adestrado, experiente e combativo,             que já repelira, com êxito, ataques anteriores             desfechados pelos aliados.
          
Localização
Situado a 61,3 km sudoeste de Bolonha (monumento ai Caduti  Brasiliani), via Località Abetaia (SP623), próximo a Abetaia.  Coordenadas 44.221799, 10.954227, a 977m de altitude
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| Local das operaçães | 
 Operação
Em novembro de 1944, a 1ª Divisão Expedicionária do Exército Brasileiro  (DIE) desviou-se da frente de batalha do Rio Serchio, onde vinha  combatendo há pelo menos dois meses, para a frente do Rio Reno, na  Cordilheira Apenina. O General Mascarenhas de Morais,  havia montado seu QG avançado na localidade de Porreta-Terme, cuja área  era cercada por montanhas sob controle dos alemães, este perímetro  tinha um raio aproximado de 15 quilômetros. As posições alemãs eram  consideradas privilegiadas e submetiam os brasileiros a uma vigilância  constante, dificultando qualquer movimentação. Estimativas davam que o  inverno prometia ser rigoroso, além do frio intenso, as chuvas  transformaram as estradas, já esburacas pelos bombardeiros aliados, em  verdadeiros mares de lama.
O General Mark Clark,  comandante das Forças Aliadas na Itália, pretendia direcionar sua  marcha com o 4º Corpo de Exército rumo a Bolonha, antes que as primeiras  nevascas começassem a cair. Entretanto, a posição de Monte Castelo se  mostrava extremamente importante do ponto de vista estratégico, além de  dominado pelos alemães dava pleno controle sobre a região.
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| Artilharia da FEB em Monte Castelo | 
Forças Alemãs

 
A frente italiana estava sob a responsabilidade do Grupo-de-Exércitos  "C", sob o comando do Generaloberst Heinrich von Vietinghoff.  A ele estavam subordinados três exércitos alemães: 10º, 14º e "Exército  da Ligúria", este último defendendo a fronteira com a França. O 14º era  composto pelo 14º Corpo Panzer e pelo 51º Corpo de Montanha. Dentro do  51º Corpo estava a 232ª Divisão de Granadeiros (Infantaria), do general  Barão Eccart von Gablenz, um veterano de Stalingrado. A 232ª foi ativada  a 22 de junho de 1944,  e era formada por veteranos convalescentes que foram feridos na frente  russa e era classificada como "Divisão Estática". Era composta por três  regimentos de infantaria (1043º, 1044º e 1045º), cada um com apenas dois  batalhões, mais um batalhão de fuzileiros (batalhão de reconhecimento) e  um regimento de artilharia com 4 grupos, além de unidades menores. Esta  formação totalizava cerca de 9.000 homens. A idade da tropa variava  entre 17 e 40 anos e os soldados mais jovens e aptos foram concentrados  no batalhão de fuzileiros. Durante a batalha final, ela foi reforçada  pelo 4º Batalhão de Montanha (Mittenwald), que foi mantido em reserva.  Os veteranos que defendiam essa posição não tinham o mesmo entusiasmo do  início da guerra, mas ainda estavam dispostos a cumprir com o seu  dever.
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| Soldados do Regimento Sampaio em Monte Castelo |  | 
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O ataque
Caberia, então, aos brasileiros a responsabilidade de conquistar o  setor mais combativo de toda a frente Apenina. Porém havia um problema: a  1ª DIE era uma tropa ainda sem experiência suficiente para encarar um  combate daquela magnitude. Mas como o objetivo de Clark era conquistar  Bolonha antes do Natal, o jeito seria o de aprender na prática, ou seja,  em combate.
Assim sendo, em 24 de novembro, o Esquadrão de Reconhecimento e o 3º  Batalhão do 6º Regimento de Infantaria da 1ª DIE juntaram-se à  Força-Tarefa 45 dos Estados Unidos para a primeira investida ao Monte  Castelo.
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| Tropas da FEB camuflados na neve. | 
No segundo dia de ataques tudo indicava que a operação seria exitosa:  soldados americanos chegaram até a alcançar o cume de Monte Castelo,  depois de conquistarem o vizinho Monte Belvedere.
Entretanto, em uma contra-ofensiva poderosa, os homens da 232ª  Divisão de Infantaria germânica, responsável pela defesa de Castelo e do Monte Della Torracia,  recuperaram as posições perdidas, obrigando os soldados brasileiros e  americanos a abandonar as posições já conquistadas - com exceção do  Monte Belvedere.
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| Soldados de gelo | 
Em 29 de novembro, planejou-se o 2º ataque ao monte. Nesta  contra-ofensiva a formação de ataque seria quase em sua totalidade obra  da 1ª DIE - com três batalhões - contando apenas com o suporte de três  pelotões de tanques americanos. Todavia, um fato imprevisto ocorrido na  véspera da investida comprometeria os planos: na noite do dia 28, os  alemães haviam efetuado em contra-ataque contra o Monte Belvedere,  tomando a posição dos americanos e deixando descoberto o flanco esquerdo  do aliados.
Inicialmente a DIE pensou em adiar o ataque, porém as tropas já  haviam ocupado suas posições e deste modo a estratégia foi mantida. Às 7  horas uma nova tentativa foi efetuada.
As condições do tempo mostravam-se extremamente severas: chuva e céu  encoberto impediam o apoio da força aérea e a lama praticamente  inviabilizava a participação de tanques. O grupamento do General Zenóbio da Costa  no início conseguiu um bom avanço, mas o contra-ataque alemão foi  violento. Os soldados alemães dos 1.043º, 1.044º e 1.045º Regimentos de  Infantaria barraram os avanços dos soldados. No fim da tarde, os dois  batalhões brasileiros voltaram à estaca zero.
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| Duras batalhas pela tomada de Monte Castelo | 
Em 5 de dezembro, o general Mascarenhas recebe uma ordem do 4º Corpo: "Caberia à DIE capturar e manter o cume do Monte Della Torracia - Monte Belvedere."  Ou seja, depois de duas tentativas frustradas, Monte Castelo ainda era o  objetivo principal da próxima ofensiva brasileira, a qual havia sido  adiada por uma semana.
Mas em 12 de dezembro de 1944, a operação foi efetivada, data que  seria lembrada pela FEB como uma das mais violentas enfrentadas pela  tropas brasileiras no Teatro de Operações na Itália.
Com as mesmas condições meteorológicas da investida anterior, o 2º e o  3º batalhões do 1º Regimento de Infantaria fizeram, inicialmente,  milagres. Houve inicialmente algumas posições conquistadas, mas o pesado  fogo da artilharia alemã fazia suas baixas. Mais uma vez a tentativa de  conquista se mostrou infrutífera e, o pior, causando 150 baixas, sendo  que 20 soldados brasileiros haviam sido mortos. A lição serviu para  reforçar a convicção de Mascarenhas de que Monte Castelo só seria tomada  dos alemães se toda a divisão fosse empregada no ataque - e não apenas  alguns batalhões, como vinha ordenando o 5º Exército.
Somente em 19 de Fevereiro de 1945, após a melhora do inverno o  comando do 5º Exército determinou o início de uma nova afensiva para a  conquista do monte. Tal ofensiva utilizaria as tropas aliadas, incluindo  a 1ª DIE, ofensiva que levaria as tropas para o Vale do Pó, até a  fronteira com a França
O Ataque Final
Novamente a ofensiva batizada de Encore, ou Bis, utilizaria a  formação brasileira para a conquista do Monte e a consequente expulsão  dos alemães. Desta vez a tática utilizada, seria a mesma idealizada por  Mascarenha de Moraes em 19 de Novembro.Assim, em 20 de Fevereiro as  tropas da Força Expedicionária Brasileira apresentaram-se em posição de  combate, com seus três regimentos prontos para partir rumo a Castelo. À  esquerda do grupamento verde-amarelo, avançaria a 10ª Divisão de  Montanha dos Estados Unidos, tropa de elite, que tinha como  responsabilidade tomar o Monte Della Torracia e garantir, dessa forma, a  proteção do flanco mais vulnerável do setor.
O ataque começou às 6 horas da manhã, o Batalhão Uzeda seguiu pela  direita, o Batalhão Franklin na direção frontal ao Monte e o Batalhão  Sizeno Sarmento aguardava, nas posições privilegiadas que alcançara  durante a noite, o momento de juntar-se aos outros dois batalhões.  Conforme descrito no plano Encore, os brasileiros deveriam chegar ao  topo do Monte Castelo às 18 horas, no máximo - uma hora depois do Monte  della Torracia ser conquistado pela 10ª Divisão de Montanha, evento  programado para as 17 horas. O 4º Corpo estava certo de que o Castelo  não seria tomado antes que Della Torracia também o fosse.
Entretanto, às 17h30, quando os primeiros soldados do Batalhão  Franklin do 1º Regimento conquistaram o cume do Monte Castelo, os  americanos ainda não haviam vencido a resistência alemã. Só o fariam  noite adentro, quando os pracinhas há muito já haviam completado sua  missão, e começavam a tomar posição nas trincheiras e casamatas  recém-conquistadas. Grande parte do sucesso da ofensiva foi creditada à  Artilharia Divisionária, comandada pelo General Cordeiro de Farias,  que entre 16h e 17h do dia 22, efetuou um fogo de barragem perfeito  contra o cume do Monte Castelo, permitindo a movimentação das tropas  brasileiras.
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| Vista da região de Monte Castelo | 
 Bibliografia
- Böhmler Rudolf , Monte Cassino - Editora Flamboyant, 1966
- Marechal Mascarenhas de Morais, Memórias (Volume 1)- Bibliex,1984
- Joel Silveira, O Inverno na Guerra - Objetiva,2005
- General Walter de Menezes Paes, Lenda Azul - Bibliex 1992
- Wikipédia
- Ilustração, Henrique Moura.