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domingo, 15 de março de 2020

Sargento Manuel Freitas Chagas

Os Estados amazônicos também choraram seus mortos, com exceção de Rondônia, Roraima e Amapá, ainda não criados e pertencentes ao Amazonas. Foram mortos quatro paraenses, um acreano e um amazonense, Chagas, o soldado que não voltou.
A tropa de amazonenses seguiu no último escalão e chegou a Nápoles no dia 21 de fevereiro de 1945, combatendo até 8 de maio e regressando ao Brasil em 20 de setembro.
herói Chagas - Manuel Freitas Chagas nasceu no dia 2 de outubro de 1920 e era filho de Francisco André Chagas e Raimunda Nascimento Chagas. Teve uma única irmã, Regina, mais nova que ele cinco anos. Ainda criança, Chagas e Regina ficaram órfãos. Ela foi trabalhar e morar na Santa Casa de Misericórdia e ele foi morar com parentes, na av. Joaquim Nabuco (Vila Pedrosa), nº 38.
Talvez por não ver perspectivas de melhora de vida em Manaus, Chagas resolveu, quando contava 17 anos, alistar-se como voluntário, num navio da Escola Militar que aportara em Manaus com aquela finalidade, indo servir no Rio de Janeiro, prometendo à irmã levá-la junto, assim que tivesse condições, porém, isso nunca aconteceu. Quando estava para dar baixa do Exército, quebrou uma arma e foi obrigado a permanecer mais tempo servindo. No ano seguinte, 1939, teve início a Segunda Guerra Mundial e, é muito provável que ele não tenha mais podido dar baixa, permanecendo na ativa até a entrada do Brasil na guerra, em 1944. Quando os demais amazonenses rumaram para a Itália, Chagas já estava lá, pois havia embarcado no dia 2 de novembro de 1944, no segundo escalão da 
FEB.
Da classe de 1920, Id. IG-305272, Chagas serviu no 1º Regimento de Infantaria. Em sua biografia, constata-se,
sua bravura e ousadia.
" Ex cabo de Infantaria, Manuel Chagas em combate no dia 23 de fevereiro de 1945, nas vizinhanças de La Serra, Itália. O cabo Manuel Chagas mostrou frieza e coragem debaixo de fogo inimigo no cumprimento do dever. Avançando sobre terreno montanhoso, chegou à observação de um ninho inimigo deposição vantajosa.
Organizou uma emboscada, conseguiu assaltar o mesmo, logo depois, dois alemães caíram na sua emboscada, os quais foram rapidamente presos.
O cabo Manoel Chagas rechaçou todas as investidas e tentativas de socorro e retirando-se debaixo de pesado fogo de
fuzis e armas automáticas, trouxe os prisioneiros às linhas amigas.
Com o resultado deste feito de bravura, foram obtidas muitas informações sobre posições inimigas".
Apesar de terem convivido pouco tempo juntos, as cartas de Chagas, da Itália, à irmã, em Manaus, são melancólicas e tristes. As palavras demonstram uma quase incerteza de retorno com vida, embora não quisesse demonstrar isso, tentando apegar-se à irmã como único ponto de segurança. Os lamentos de solidão são constantes.
Ao de bravura - Na manhã de 13 de abril de 1945, em Castel D'Aiano, o então sargento Chagas saiu junto com uma patrulha de reconhecimento rumo ao Monte D'Aiano. Afoito, afastou-se do resto da patrulha e descobriu um ninho de metralhadoras nazistas. Imediatamente voltou ao grupo, informando do acontecimento ao comandante.
Sem demora, a patrulha partiu na direção do ninho de metralhadoras e pegou de assalto um grupo de soldados alemães. Mais uma vitória de Chagas.
A morte - No dia seguinte, ainda com a mesma patrulha de reconhecimento, Chagas avistou uma casa abandonada
e não titubeou em aproximar-se. Desavisados, dois alemães saíram da casa e foram metralhados por ele. Foi então que o
destino se fechou para o amazonense. Empolgado com a sua sorte, penetrou na casa. Três alemães estavam lá dentro e fuzilaram-no com suas metralhadoras. Ali mesmo Chagas tombou morto. Quando o resto da patrulha chegou ao local, era tarde demais. Monte D'Aiano cairia, em seguida, em mãos brasileiras com a rendição dos soldados alemães.
Chagas foi sepultado no Cemitério Militar Brasileiro de Pistoia, na quadra D, fileira 1, sepultura nº 8, marca: lenho provisório, de onde sairia, dez anos depois, rumo ao Rio de Janeiro, para ser enterrado no Monumento aos Pracinhas, junto com os demais combatentes mortos.
Em Manaus, Regina receberia a notícia da morte do irmão através de um vizinho que ouvira no rádio o nome dele incluído na lista dos mortos. Dias depois, receberia o comunicado oficial através de um emissário do Ministério da Guerra.
Hoje, Regina está com 73 anos e, plenamente lúcida, ainda lembra de fatos de sua infância órfã, do irmão indo embora, de suas notícias do Rio de Janeiro e depois da Itália, guardando com carinho todas as cartas recebidas dele, seus diplomas e medalhas de guerra e, emocionada, diz não saber se valeu a pena ele ter ido lutar e morrer pelo país. O único busto do herói que existia em uma das praças de Manaus foi destruído e sumiu, e nenhuma rua leva o seu nome.
Condecorações recebidas:
Em reconhecimento aos seus serviços, o chefe do Governo brasileiro, o então presidente Getúlio Vargas, o promoveu post mortem à graduação de 3º sargento.
Condecorado pelo 5º Exército Norte Americano, ao qual a FEB estava subordinada, com a Medalha de Bronze. Uma comissão militar americana veio até Manaus, para entregar a medalha.
Condecorado com diploma e medalha Cruz de Combate de 1ª Classe da FEB, descrevendo seu ato heroico. Entregue em 1º de fevereiro de 1946, quase um ano após sua morte.
Condecorado com diploma e Medalha de Campanha da FEB, entregue na data acima. Reconhecia Chagas como integrante e participante das ações da FEB.
Condecorado com medalha Sangue do Brasil, entregue em seguida a sua morte. Os soldados feridos ou mortos em combate recebiam essa medalha.
Matéria: blog do Coronel Roberto

2 comentários:

  1. Homem valente!! Nossas reverências a ele.

    Permitam-me uma observaçao: O único estado dà nação que não teve perdas foi o Maranhão

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  2. Poderia me dizer onde reside a dona Regina? Necessito entrar em contato com ela... Estou organizando um museu em Manaus sobre a FEB

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