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quarta-feira, 30 de abril de 2014

Geninho, o craque que virou pracinha da F.E.B

Filho de Geninho relembra 'pausa' do pai para servir Exército na Segunda Guerra Mundial.
Geninho (agachado, segundo da esq. para dir.) foi campeão carioca em 1948.
Geninho com as mãos na bola ao lado do técnico Gentil Cardoso, de boné. Crédito: Arquivo Público do Estado de São Paulo. Memória Pública ( Jornal Última Hora )
Ex-jogador do Botafogo, ao lado de três companheiros, serviu à Força Expedicionária Brasileira e testemunhou morte de colegas durante conflito.
Fotografia registra retorno de Geninho e outros pracinhas ao Brasil após a guerra.
Geninho chegou ao Rio de Janeiro, para vestir a camisa do Botafogo, em 1940. Ao desembarcar, imaginava que defender o clube seria sua grande missão nos anos seguintes. Até aparecer outra tarefa, fora dos gramados: servir a Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra Mundial. A invasão da Sicília, no sul da Itália, em 10 de julho de 1943, foi o estopim para participação brasileira, que declarou guerra à Alemanha e à Itália (assista ao vídeo ao lado). Setenta anos depois, o filho do ex-jogador relembra essa história e a tentativa do pai de não se juntar aos pracinhas, em vão.Ele tentou de todas as maneiras... foi pra uma junta médica, aí disseram: "Pô, Geninho, você está todo dia no jornal, joga pelo Botafogo, como vou dizer que você está sem condição física... não posso te liberar" - contou Zeca Bahiense.
Ephigênio de Freitas Bahiense, craque botafoguense que ficou conhecido como Geninho, nasceu na cidade de Belo Horizonte em 10 de setembro de 1918. 
Efigênio de Freitas Bahiense, o Geninho, embarcou para a Itália em setembro de 1944. Ele e outro três jogadores do Glorioso estavam entre os 25 mil pracinhas que lutaram na Segunda Guerra. O jogador retornou e pôde dar continuidade à carreira, mas nem todos tiveram a mesma sorte. O filho lembra uma das histórias, recheada de tristeza.
A questão de ele estar sentado com um grupo, levantar e se dirigir para um outro grupo. Ele deu dez passos, veio uma bomba e matou todo mundo que tava sentado... ele falou, por que Deus me tirou daqui?! Os caras falaram, você está vivo, você está vivo... não sobrou ninguém de onde ele estava - disse.
Cerca de 470 pracinhas brasileiros morreram na guerra, que terminou em setembro de 1945 com a vitória dos aliados, a quem o Brasil ajudou a reforçar. A volta para casa foi emocionante. Em casa, Geninho pôde voltar a vestir as cores do Botafogo e, no futebol, também venceu: fez parte do ataque campeão carioca de 1948, que quebrou um jejum alvinegro de 13 anos sem títulos.
Mineiro de Belo Horizonte, onde iniciou a carreira no Palestra Itália, atual Cruzeiro, acabou eternizado no Rio de Janeiro como "Arquiteto", apelido que recebeu no Botafogo pela facilidade com que projetava as jogadas no meio-campo. Talento que mostrou diante dos italianos durante a guerra, em jogo que relatou por carta ao presidente do Botafogo na época, Adhemar Bebiano.
Botafogo no início de 1949 no Estádio do Pacaembu: Em pé: Gerson. Ari. Nilton Santos. Rubinho. Avila e Juvenal. Agachados: Paraguaio. Geninho. Pirillo. Otavio e Braguinha.
Modéstia a parte, nesse jogo dizem que ele comeu a bola - contou o filho, orgulhoso.
Fascinado pelo maior conflito entre países do século XX, o músico e escritor João Barone, autor de dois livros sobre o assunto, explica que era comum os exércitos organizarem eventos como jogos de futebol. Ele também destaca o papel do país e de seus combatentes na guerra.
Os brasileiros cumpriram com muito brio, coragem e muita honra esse esforço contra o nazifascismo na Itália. Além de ter sido um pracinha e brilhado como jogador, Geninho ainda escreveu história como treinador e foi o primeiro técnico campeão brasileiro, com o Bahia, em 1959. Também comandou clubes como Botafogo, Cruzeiro e Palmeiras. 

Em 1955 Geninho iniciou sua passagem como treinador no próprio Botafogo, onde além das equipes de base, trabalhou também dirigindo o elenco de profissionais até a chegada de João Saldanha.Geninho faleceu aos 62 anos de idade, na cidade do Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1980.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar, revista Esporte Ilustrado, revista do Esporte, revista O Cruzeiro – encarte ídolos do futebol brasileiro, datafogo.blogspot.com.br,radiobotafogo.com.brmuseudosesportes.blogspot.com.br,marretapopular.blogspot.com.br (Ronald Alzuguir),stadiumvarginhense.blogspot.com.br, Arquivo Público do Estado de São Paulo. Memória Pública – Jornal Última Hora - blog O Futebol sem as fronteiras do tempo (Tardes de Pacaembu)

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