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terça-feira, 11 de julho de 2023

Memórias do Expedicionário José Ribamar de Montello Furtado.

 

José Ribamar de Montello Furtado,  nasceu a 17 de outubro de 1901, no município de Viana, Maranhão. Filho do Sr. José Mariano Furtado e de D. Balbina de Santo Montello Furtado.
Desde a adolescência, o jovem maranhense José Ribamar soube dar mostras de seu elevado senso de civismo e cidadania, mesmo em meio às dificuldades que enfrentou e obstáculos que superou nas humildes origens que teve no pequeno vilarejo interiorano de Viana no início do século passado. Sua vocação pela carreira das armas manifestou-se logo cedo em resposta ao seu crescente anseio por servir à Pátria.
Certo desse desiderato, José Ribamar se muda para a capital São Luís, onde senta praça no 24° Batalhão de Caçadores (atual 24° Batalhão de Infantaria Leve) a 1° de novembro de 1922.
Fundado em 1839, o 24° BC recebeu por portaria ministerial de 12 de julho de 1997 a denominação histórica de “Batalhão Barão de Caxias” em memória ao então coronel de infantaria Luiz Alves de Lima e Silva, futuro Patrono do Exército Brasileiro e Duque de Caxias, o qual a 4 de fevereiro de 1840, assumiu a presidência e o comando da armas da província do Maranhão para pacificar a rebelião regencial da Balaiada (1838-1841).
Em matéria publicada na edição de 31 de outubro de 1922 do jornal Diário de São Luiz do Maranhão, Anno III, n° 256, constam principais deliberações do Boletim Interno do 24° BC referentes ao dia 1° de novembro de 1922, entre as quais destacamos (na ortografia da época):
Foram mandados inspeccionar de saúde, para efeito de matricula ao exame de admissão à E.S.I. as seguintes praças: … anspeçada … soldados … José Ribamar de Montello Furtado …
Desta publicação e no que consta no Decreto nº 14.331, de 27 de Agosto de 1920, o qual aprova o regulamento da Escola de Sargentos de Infantaria (E.S.I) inferimos que o jovem José Ribamar ingressou no Exército Brasileiro, na referida data com destino à carreira militar que ali se iniciava na graduação de soldado, mas tinha em vista sua futura matricula como aluno daquela escola de formação de sargentos para a arma de Infantaria.
O exame de admissão para essa escola exigiria de José Ribamar, além da aprovação em Inspeção de Saúde, duas outras aprovações, quais foram, prova escrita sobre conteúdos de língua portuguesa, aritmética e geometria e uma prova oral versando sobre conteúdos dessas mesmas disciplinas. Segundo o artigo 11 do regulamento da E.S.I, essas duas provas tinham por finalidade aferir o “gráo de intelligencia e de vivacidade dos examinandos” (ortografia no original).
Outras informações referentes a carreira militar de José Ribamar após a conclusão do curso de formação de sargentos puderam ser colhidas junto à 14° Circunscrição do Serviço Militar em Sorocaba e na Diretoria de Civis, Inativos, Pensionistas e Assistência Social em Brasília, tendo contribuído também para elas documentos pessoais dele em posse dos descendentes.
De fato, quando de seu casamento com D. Anezia de Oliveira Rosa, no município de Taquaritinga, a 10 de dezembro de 1929, encontrava-se José Ribamar servindo no Tiro de Guerra daquela cidade do interior do Estado de São Paulo e na graduação de 2º Sargento da arma de Infantaria.
Ele participou na Revolução de 1932, ao lado de São Paulo, em unidade do Exército Brasileiro que aderiu à causa constitucionalista. Com o armistício em outubro daquele ano, permaneceu no Estado de São Paulo.
Não muito depois, serviu José Ribamar no Tiro de Guerra de Catanduva, SP. Sua atuação como instrutor e chefe da instrução na formação de reservistas para o Exército Brasileiro parece ter sido uma constante em sua carreira militar na qual dedicação, austeridade e profissionalismo foram sempre suas características mais marcantes.
Já no ano de 1944, encontrava-se José Ribamar servindo no 5° Batalhão de Caçadores, unidade de Infantaria que sediada esteve em Itapetininga nos anos de 1935 a 1947.
Foi dela que partiram três dezenas de voluntários itapetininganos para integrarem a Força Expedicionária Brasileira (FEB) com destino ao teatro de operações italiano nos vários escalões que para lá seguiram nos meses de julho, setembro e novembro de 1944.
Ocupando então a graduação de Subtenente, José Ribamar de Montello Furtado, aos 42 anos de idade e 22 anos de carreira militar foi um desses voluntários, sendo transferido do 5° BC para o 1° Regimento de Infantaria da FEB, o lendário “Regimento Sampaio”.
O 1° RI em que José de Ribamar foi um de seus integrantes participou de operações divisionárias nos Apeninos, do Reno ao Panaro e, depois, no Vale do Pó, mas foi nos combates ao Monte Castelo que seu regimento logrou uma das maiores glórias para as armas brasileiras. As palavras de elogio consignado ao Regimento Sampaio no Boletim do Exército de 12 de Janeiro de 1946 melhor ilustram as resultantes desse inesquecível feito:
… a conquista da forte posição inimiga de Monte Castelo, em cujo ataque, na manobra da Divisão, desempenhou com ardor a ação principal e decisiva e depois sua denodada resistência no combate de La Serra, que constituem, sem dúvida, as passagens mais dignificantes e de maior emoção vividas pela Força Expedicionária Brasileira no Teatro de Operações da Itália. Nesses árduos combates, contra um inimigo obstinado e aguerrido, os soldados do 1º Regimento de Infantaria fizeram reviver as virtudes militares dos soldados de Sampaio“.
De fio a pavio, o Subtenente José Ribamar esteve em campanha na Segunda Guerra Mundial. Do que ele viu, vivenciou e lutou, sua inteligente pena e perspicaz percepção consignaram nas poesias que perfazem sua obra literária máxima, Continência à Morte, seu maior legado que ele, no seu íntimo, sabia que haveria de ser às gerações futuras.
Outrossim, após o fim da guerra em maio de 1945, retornou ele a Itapetininga, município onde já havia estabelecido família e vínculos sociais que levaria para o restante da vida.
Pelos relevantes serviços prestados junto à FEB em ações de combate no teatro italiano contra forças nazi-fascistas, José Ribamar foi agraciado com a Medalha de Campanha e a Medalha de Guerra.
Pouco menos de ano e meio depois de seu retorno ao Brasil, por decreto de 18 de outubro de 1946, o Subtenente de Infantaria José de Ribamar deixava o serviço ativo para ingressar na reserva de 1° classe do Exército Brasileiro em concordância com o Artigo 74 do decreto lei de n° 3940 de 16 de dezembro de 1941. Por força do Artigo 54 desse mesmo decreto lei, sua passagem para a reserva lhe conferiu o direito à promoção ao posto de 2° Tenente da reserva de 1° classe.
Por decreto de 16 de outubro de 1952, José Ribamar foi promovido ao posto de 1° Tenente por ter sido “oficial das Forças Armadas que serviu no teatro de guerra da Itália”, em concordância com o artigo 1° da Lei n° 288 de 8 de junho de 1948.
Por ter atingido a idade limite como 1° Tenente da reserva de 1° classe, em concordância com a Lei n° 2379 de 9 de dezembro de 1954, José Ribamar teve sua carreira militar encerrada ao ser reformado neste posto por decreto de 26 de maio de 1964.
Mas alguns anos antes de sua reforma, estando na reserva, José Ribamar ainda prestaria um serviço à sua Pátria que foi a publicação de Continência à Morte, no ano de 1951, sob o pseudônimo de “Santo Montello”, nome do meio de sua mãe D. Balbina de Santo Montello Furtado.
E foi por intermédio desse livro, na essência e profundidade dos versos que escreveu, que possível foi a ele arregimentar a memória e os feitos de todos os seus camaradas itapetininganos que com ele deixaram o 5° Batalhão de Caçadores para tomarem das armas na luta pela Liberdade e Democracia.
Nestes setenta anos de comemoração do Dia da Vitória (1945-2015), seus dignos amigos, familiares, admiradores, estudiosos e entusiastas podem ter em mãos suas palavras, sua expressão última que sobrepujou a morte à qual ele prestou a sua derradeira continência em 27 de maio de 1983, três dias depois do Dia da Infantaria, 24 de maio, arma que José Ribamar soube honrar, tanto na paz quanto na guerra, desde quando sentara praça soldado no lendário Batalhão Barão de Caxias.
José Ribamar de Montello Furtado foi sepultado no Cemitério de Itapetininga. Seu túmulo encontra-se à poucos metros do jazigo do 5° Batalhão de Caçadores, unidade na qual fora um de seus melhores oficiais.
Homenageado pelo Tiro de Guerra de Itapetininga com sua fotografia na Galeria dos Ex-Combatentes da FEB (1995), pela Prefeitura Municipal de Itapetininga com seu nome inscrito no Monumento aos Pracinhas Itapetininganos (2005) e pelo Portal dos Ex-Combatentes de Itapetininga com uma placa alusiva a sua condição de pracinha da FEB afixada em seu túmulo (2014) e com a co-organização desta edição comemorativa dos setenta anos do Dia da Vitória de Continência à Morte (2015), José Ribamar de Montello Furtado, bem como seus trinta e três companheiros itapetininganos partícipes da Segunda Guerra Mundial, estão longe de serem esquecidos.
Seus cinco filhos, Rachima, Maria Aparecida, Thomyres, José Ribamar, e Terezinha, onze netos Nadia, Wladmir, Alexander, Leonardo, Ana Paula, Luis Fernando, Márcia, Antônio Edison, Sandra, Flávia e Márcia, seus quinze bisnetos Karen, William, Natália, Felipe, Samara, Gabriel, Ana Clara, Lorenzo, Giovani, Gustavo, Guilherme, Juliana, Gabriela, Isabela e Beatriz e seus descendentes futuros serão sempre testemunhas incontestes disto.

Fontes:
Portal da Força Expedicionária Brasileira.
MREB-Brasil

quinta-feira, 6 de julho de 2023

Flâmula Legião Paranaense Expedicionário

Antiga e bela flâmula do Museu do Expedicionário de Curitiba.

(acervo O Resgate FEB)

(Clique na foto para ampliar)