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O ex-combatente Wilson Garcia de Lima, morador de Castro, nos Campos Gerais, queria um novo emprego. Era caminhoneiro, mas o desgaste das viagens o desanimava. Viajou ao Rio de Janeiro uma vez para pedir emprego aos contatos que tinha feito no Exército durante a guerra. Nada conseguiu. Voltou pela segunda vez. Encontrou um ex-comandante que o levou para uma salinha. Lá, encontrou o então presidente Juscelino Kubitschek (JK) sentado atrás de uma mesa. Pediu emprego. “Era um homem muito agradável”, diz o pracinha sobre o político que governou o país entre 1956 e 1961. Quando voltou de viagem, contou a façanha aos amigos. “Eu dizia: estou empregado, mas eles faziam pouco caso de mim”, afirma. Uma semana depois, saiu um ofício que o designava como gerente da agência dos Correios, em Castro. Ficou na função até a aposentadoria. Wilson não gostou do que viu na guerra e, por isso, não quis continuar no Exército. No retorno, muitos pracinhas não tiveram apoio. Ele se juntou a uns 15 ex-combatentes na estação do Rio e bradou: “Não vamos pagar passagem”, disse. Nenhum funcionário da estação barrou o grupo. De volta a Ponta Grossa, virou vendedor de sapatos
Josué Teixeira/Gazeta do Povo