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terça-feira, 30 de julho de 2013

Caixa de munição CAL.30 M1. US - F.E.B

Caixa de munição com a pintura original (olive drab) de 1945 CAL.30 M1 AMMUNITION fabricados durante a Segunda Guerra Mundial pela REEVES,  uma das quatro fabricantes que fizeram caixas de aço entre 1943 e 1945.A munição calibre 30 M1 na caixa de aço foi desenvolvida para oferecer cintos de 250 balas.
 (acervo O Resgate FEB)
Estas caixas  de munição depois de usadas  pelos soldados da FEB em combate eram muitas vezes utilizadas como caixa de guardar seus pertences nos acampamentos e trazidas também como lembranças de guerra.O tenente Pedro Rodrigues de Curvelo ele mesmo trouxe uma como lembrança que durante a guerra servia de guarda de objetos pessoais.

Caixa de munição Cal 30 M1  a direita no piso em exposição no Museu do Expedicionário de Curitiba 
Com o cinto de 250 balas

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segunda-feira, 22 de julho de 2013

'O alemão fez sinal. Pegou uma foto e me mostrou. Eram ele, a mulher e duas crianças'

Meu nome completo é João Gonzales. Tenho 91 anos e fui da 1ª Companhia de Petrechos Pesados do 1º Batalhão do 6º Regimento de Infantaria. Fui designado e embarquei com o primeiro escalão da FEB. Nossa unidade foi a primeira a participar da guerra. Eu percebi na primeira noite que nós entramos em combate porque nós estávamos ali naquele afã de se acomodar durante a noite, porque o frio ali é meio forte, e aí já ouvimos uns tiros. Ficamos meio assustados... a gente não estava habituado. Depois ouvimos umas rajadas de metralhadora. Naturalmente isso era com intuito de nos assustar, porque não acertou nenhum de nós.Quando eu fui ferido a nossa linha telefônica com a terceira companhia havia sido interrompida por tiros de artilharia. O comandante da companhia me disse: "Como é que nós vamos fazer?" Isso eram onze horas da noite. Mas como ele insistiu, eu falei pra ele: "Eu vou, capitão, mesmo que vá sozinho". Aí ele falou: "Mas sozinho você não tem condições". Aí consegui convencer três soldados, que se dispuseram a ir comigo e fomos consertar a linha.
 Depoimento: João Gonzales
Entretanto chegou um ponto que caía muita bomba, bomba em cima da outra, muita bomba. Eu comuniquei ao capitão: "É praticamente impossível prosseguir". E ele disse: "Ô rapaz, você nunca demonstrou medo, agora você está com medo?". Eu falei: "Medo eu não tenho, mas tô colocando em risco a minha vida e a dos demais companheiros". "Vê o que você pode fazer", ele respondeu.
E eu, para não retroceder, prossegui, né. Aí andei mais cem, 200 metros e caiu uma bomba na minha frente, como daqui até a porta da cozinha e aí escureceu tudo e eu caí.
Quando cai a bomba, é aquela luminosidade, a gente fica cego, não enxerga nada. Caí no chão, comecei a me debater. Estava sozinho, pois meus colegas tinha recuado para salvar a pele. E eu fiquei ali com hemorragia tremenda, sem poder me levantar, fazia um esforço, mas não conseguia, não conseguia.
Eu tenho estilhaço ainda no pulmão até hoje, eu tirei dois, extraíram dois, mas um permanece até hoje. Quando eu fui ferido eu achei que era meu fim. Eu percebia três furos no capote e o sangue escorria abundantemente uma hemorragia muito forte, então eu logo deduzi o seguinte: a hemorragia que vai me acabar. E nessa hora, aqui pra nós, o único que você se lembra é da sua mãe... uma hora difícil, viu, é difícil, mas felizmente eu fui pro hospital, me socorreram, me safei dessa.
A guerra é o pior que pode acontecer, não existe nada pior.
Quem devia fazer a guerra são os chefes, as duas cabeças, eles é que deviam se enfrentar e poupar o resto do mundo.
Um dos fatos que me marcou foi a morte do tenente chamado José Maria Pinto Duarte. Estavam eu, o Atratino, o capitão Tavares, primeiro-tenente e um soldado corneteiro. Começou a escurecer e nós avançamos até um determinado ponto e ficamos. E nisso avistamos a casa a uns cem metros, 200 metros a frente e o capitão Atratino me falou: vai dar uma olhada na casa e vê se tem condição de a gente se acomodar lá. Nos alojamos ali.
Tinha um monte de milho debulhado, eu esparramei o milho e deitei em cima.
Durante a madrugada, ouvi vozes. Não julgávamos que fossem os alemães. Mas eram. Durante a noite, eles retomaram as posições que tinham. Ficaram pertinho da gente. O nosso pessoal percebeu e recuou, mas nós na casa não percebemos. A gente via os soldados alemães passando com munição.
O capitão Atratino estava excitado demais. Ele apontou e atirou no soldado. Lógico que matou o pobre infeliz, mas eles perceberam e aí viraram a metralhadora para nossa casa. Aí começou aquele salve-se quem puder. E o Atratino: corre, foge, foge.
Eu fui o primeiro a pular pela janela. Aí pulou o Atratino e, nisso, pulou o José Maria Pinto Duarte, ele foi tão infeliz que o atingiram com uma rajada.
Nós tentamos puxá-lo, mas naquele fogo intenso, naquele sufoco. O Atratino: corre, corre se esconde.
Eu deixei os dois e saí correndo. O Atratino tentava arrastá-lo, mas ele era um homem muito alto, pesado, era difícil.
Eu me lembro quando ele falou: "Cuide bem da minha filha", como uma súplica, uma verdadeira súplica. Aquilo calou muito, me marcou. Eu nunca esqueço disso.
Praticamente engatinhando, fui saindo até que cheguei na minha companhia. Eram oito horas. O capitão Atratino, quando me viu, me abraçou, quase que chorando viu. Falou: "Rapaz, eu pensei que você tinha morrido também. Já não contava mais contigo". Eu falei: "E o Zé Maria?" "Esse já foi", respondeu o capitão.
Olha, coisa boa a guerra não é. Não existe coisa pior. A guerra é uma destruição de tudo. Caráter, vidas. Eu me lembro de uma senhora com uma criança de nove anos que veio correndo pro meu lado pedindo comida. Nós não podíamos. A alimentação era toda em lata.
Tinha a F9, que era um feijão grosso. Aquilo era intragável. Eu não comia então ia juntando aquelas latas. Tinha sete, oito latas daquela. Quando a mulher veio eu peguei, fui procurar as latas escondidas e dei pra ela. Mas ela devorou aquilo de um modo espantoso, espantoso.
Ela abria a lata, botava assim e comia, sem mastigar sem nada e a criança agarrada, clamando... ela nem lembrava da criança, quando ela comeu três ou quatro latas que ela foi lembrar da criança, mas olha, comia com uma avidez que assustava a gente. Como é que essa mulher engole desse jeito.
Até hoje tenho pesadelos. Volta e meio tenho um sonho e relembro fatos. Na hora me ocorre a lembrança de certas passagens lá. Ainda hoje. Sessenta e tantos anos após o conflito. Que a pessoa fica marcada.
Eu me lembro de um soldado chamado Guilherme. Uma vez a gente estava numa tarde de um tiroteio tremendo e a gente engatinhando para não ser atingido, pois oferecia menos volume como alvo e, naquele dia, ele levantou e saiu correndo e eles com aquela metralhadora. Falei: "Vai morrer". Ninguém se atrevia a levantar e sair correndo. Eu peguei nas pernas dele e o derrubei. Ele era franzino. Minha sorte era essa. Ele estava transtornado completamente. Nunca me esqueço... um rapaz novo ainda, era mais novo do que eu.
Atirei muitas vezes na guerra. Não posso dizer se matei ou não. Por que ali, não é assim. Eu aqui. É a 200, 300 metros e como não é um só que atira, a gente as vezes até via o cara tombar, mas não posso precisar se foi o meu tiro que o atingiu ou não e não quero nem pensar que fui eu.
No fim, me lembro de uns prisioneiros que nós pegamos lá. Um sargento alemão chegou perto de mim... Quem tinha apanhado foi um tal de Nascimento, um sargento, que os tinha aprisionados. E esse Nascimento era um tanto agressivo. Eu disse: "Nascimento, pera aí, vamos devagar, os moços já estão presos. Não têm como reagir mais. Vamos tratar eles como seres humanos". Eu quis amenizar a situação. E não sei se o sargento, esse alemão, ele entendeu o que eu quis dizer, que imediatamente ele ajoelhou aos meus pés, como que pedindo perdão. Eu tentei levantá-lo. Aí ele enfiou a mão numa blusa até pensei que ele ia puxar uma arma e me preveni com minha pistola. O alemão fez sinal que não. Pegou e tirou uma fotografia e me mostrou ele, a mulher e duas crianças. Aquilo comove viu... pra entender que ele também tinha filhos... a guerra é ruim pra todo mundo. A guerra é o pior que pode acontecer.

Fonte  O Estadão

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Flâmulas do 1º Batalhão de Saúde da F.E.B

Raras flâmulas da lembrança da reunião do 1º Batalhão de Saúde,fabricado pelo Rei das Flâmulas (Rua Senador Dantas 73 - Rio de Janeiro)  
(Acervo O Resgate FEB)

Lembrança da 15ª Reunião 1º Batalhão de Saúde de julho de 1960.

Lembrança da 10ª Reunião dos Veteranos do 1º Batalhão de Saúde em julho de 1955.
(clique na foto para ampliar)

segunda-feira, 8 de julho de 2013

PATRULHA NA MADRUGADA


Abril, oito horas da noite
Os pracinhas aguardam o momento da partida. A missão é perigosa. Seu comandante é o Tenente Raymundo Cavalcanti (Rio de janeiro-Rua Barão do Bananal,166) , que recebe as últimas instruções. O Sargento Waldir dos Santos (Estado do Rio) acende um cigarro, o último da noite, e conversa com o Soldado Camilo de Oliveira (Itajaí-Santa Catarina) sobre a carta que recebeu à tarde. Às nove horas a patrulha se dirige à terra de ninguém o único homem desarmado, o enfermeiro. Ele leva apenas a mala de curativos de emergência. Depois de ter desaparecido de vista do PC, inicia-se o contato pelo rádio. Uma imprudência e tudo estará perdido. Como astutas raposas os patrulheiros vão se aprofundando em terreno inimigo.
À uma hora da madrugada, a pouca distância de Rocca Corneta, adiante de Cappel Buso e Pizzo di Campiano e Roncore, a coluna foi surpreendida pelo fogo dos nazistas. De uma elevação, os alemães, favorecidos pelo luar, avistaram os pracinhas e comunicaram a todas as casamatas e ninhos de metralhadoras a posição exata. Uma carga de morteiros, granadas de bazucas e fogo de metralhadora foi despejada sobre os brasileiros. O Tenente Cavalcanti ordena que todos se abriguem e respondam ao fogo. Tres pracinhas caem feridos . O enfermeiro José Agostinho ( S. João del Rei, Rua General Osório, 165-Minas Gerais) abre sua caixa de emergência e aplica os primeiros curativos. Todos por estilhaços.
O total de feridos chega a seis. O Sargento Américo Araujo (Salvador-Rua Visconde de Quiçamã), comandante de unidade da patrulha, teve dois de seus homens atingidos quando espreitava os alemães. Assim mesmo conseguiu trazer os feridos até chegar a salvo. Missão cumprida. Os demais feridos foram levados até Rocca Corneta. O Sargento Adir Rodrigues Costa (São Sebastião-Rua Capitão-Mor, Estado do Rio) trouxe dois dos seus colegas feridos para a retaguarda. As três da manhã a patrulha estava de volta e o Comando obtinha informações de grande valor sobre os efetivos nazistas na área. Rocca Corneta foi um dos pontos marcantes na frente sob a responsabilidade da FEB. Sobre um monte, a construção simples era provida de um cone interior que soava quando o vento dos Apeninos batia forte.”
Do livro:
A LUTA DOS PRACINHAS
A Força Expedicionária Brasileira – FEB na II Guerra Mundial.
De JOEL SILVEIRA e THASSILO MITKE
Um Tipo Inesquecível
Esse bravo Tenente do 1º RI que esteve à frente de seu pelotão na conquista de Monte Castelo e que foi condecorado pelo General Lucian Truscott, conforme vemos nas fotos acima, é o nosso escolhido para representar o “inesquecível herói” de minha infância, juntamente com minha mãe, Enfermeira da FEB.
O Major Cavalcanti era tão especial que sua lembrança imediatamente traz a suavidade peculiar na maneira de falar, de comedidas expressões faciais, caracterizando sua elegância natural, sendo de baixa estatura e inúmeras historias contadas de suas bravuras.
Falar de alguém importante que não se encontra mais em nosso meio, que tem filhos : versados nas escritas, nas formas arquitetônicas, na cultura ambiental, na fisiologia humana, etc.. tudo isso vai dando uma responsabilidade no cuidado e fidelidade dos fatos. Não sendo profissional na área da escrita resta-me deixar o coração “falar”.
Foto do pelotão ,a frente o Tenente Cavalcante 
O que dizer de alguém recém nascido que “amorosamente” foi deixado à porta do Convento dos frades Capuchinhos em Belém do Pará. Foi entregue aos cuidados de um casal paroquiano, Lídia Antonio de Araujo Cavalcante ( negra e lavadeira) e Claudino de Holanda Cavalcante, afim de receber educação e amor da sua nova família. Sua instrução foi acompanhada de perto pelos religiosos, vindo assim dessa parceria, o fino trato e sabedoria que esse nosso personagem dispensava a todos que o rodeavam.
Foi praça de 1927, esteve na Revolução de 1930 como Cabo do Exercito Brasileiro.
Á partir dai foi transferido para o Rio de Janeiro onde participou da Revolução Legalista em 1932 e da Intentona Comunista em 1935, movimento rapidamente combatido pelas Forças da Segurança Nacional.
Seu espírito combativo adaptou-se à disciplina. Serviu no Ministério da Guerra no gabinete do General Gustavo Cordeiro de Farias, de onde, após a declaração de Guerra foi transferido como 2º Tenente para o Regimento Sampaio, embarcando assim para a Itália.
Quando partiu de Belém para seguir seus ideais havia deixado sua primeira namorada de coração “partido”, restando à mesma acompanhar as notícias do seu destemido guerreiro. Ao final da 2ª Guerra foi surpreendida pela triste notícia de que seu amado havia morrido. Em meio à sua dor mandou celebrar uma missa em sua memória.
Tempos depois, uma amiga em comum traz a boa noticia de que ele estava vivo, com uma filha e um casamento desfeito no Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo nosso herói fica sabendo do carinho ainda dispensado por seu “primeiro amor”. Retorna à sua cidade natal e desposa em segundas nupcias, Raimunda Marçal, com quem teve mais quatro filhos ( dois homens e duas mulheres) vivendo em grande harmonia pelo resto de sua vida.
O Major Raymundo Cavalcanti fundou a Associação dos Ex-Combatentes do Brasil, seção Pará, onde a presidiu por vários anos, desenvolvendo e prestigiando os associados com inúmeras atividades recreativas e culturais em sua gestão.
Juntamente com sua esposa fundou e dirigiu a Escola Marechal Mascarenhas de Moraes, do Jardim ao 5º ano, que funcionava no prédio da Associação, privilegiando tanto os filhos dos pracinhas como a comunidade paraense, com um ensino de qualidade. Posso atestar por haver estudado na mesma juntamente com meus irmãos.
Faleceu em 22 de novembro de 1990, deixando enorme saudade aos familiares e amigos. Não nasceu em berço de ouro e seu maior legado foi o exemplo de honradez e amor à Pátria Amada Brasil!
Nossas famílias permanecem unidas pois assim podemos honrar nossos antepassados com os mesmos ideais de liberdade e amor, o tributo que herdamos.
E assim segue a COBRA FUMANDO !
PORTAL FEB

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Bússola (US) de pulso da Segunda Guerra.

Bússola de pulso de marca TAYLOR americana com caixa em baquelite muito usada pelos paraquedista americanos na Segunda Guerra Mundial Está marca de bussola foi entregue a FEB.
(acervo O Resgate FEB)
Bússola de pulso exposta no Museu do Memorial Nacional aos Mortos na Segunda Guerra  no Rio de Janeiro.
Bússola de pulso exposta no Museu casa da FEB nas Ruas das Marrecas no Rio de Janeiro.
Repare a bússola presa a seus acessórios a direita do soldado americano
Fotos Henrique Moura.
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