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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

ENFERMEIRA FEBIANA - VIRGÍNIA LEITE.

Uma lição de História e coragem

A professora Virgínia Leite se voluntariou para ajudar os pracinhas na Itália durante a Segunda Grande Guerra.

Dona Virgínia no traje de gala de enfermeira da FEB. No hospital em que trabalhou na Itália nenhum, nenhum soldado morreu. As enfermeiras eram tidas como 'milagrosas' e faziam a alegria dos soldados que não viam a família e não ouviam uma voz feminina falar a língua portuguesa há muito tempo.

Aos 92 anos, Dona Virgínia ainda se recorda de alguns fatos vividos naqueles anos de 1944 e 1945. Ela guarda medalhas e souvenirs sobre o assunto, mas chora ao lembrar dos feridos de guerra
A Segunda Guerra Mundial, que começou em 1939 quando a Alemanha atacou a Polônia, sob as ordens de Adolf Hitler, só teve a participação do Brasil depois que submarinos alemães começaram a torpedear embarcações brasileiras no Oceano Atlântico em fevereiro de 1942. Até então, Getúlio Vargas afirmava que "era mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra". Por inúmeros motivos, a concepção do presidente sobre o conflito mudou os brasileiros experimentaram o drama de estarem envolvidos em uma guerra e a população ficou dividida entre os que teriam de viajar para a Itália e aqueles que ficariam esperando seus entes queridos voltarem. A FEB (Força Expedicionária Brasileira), pelo menos, ganhou um lema: 'A cobra vai fumar'.
Em agosto do mesmo ano, o Brasil resolveu romper relações com o país germânico e declarou guerra às nações do Eixo (Japão, Alemanha e Itália), se colocando ao lado dos Aliados sob a liderança dos Estados Unidos.
Entre setembro de 1944 e maio de 1945, mais de 25 mil soldados e oficiais da FEB combateram na Itália. Mas não só eles estiveram presentes. Também foram para aquele país 73 enfermeiras, todas voluntárias, para ajudar a cuidar dos brasileiros feridos em combate. Entre elas estava uma paranaense de Irati, Dona Virgínia Leite. A professora, com então 29 anos, se comoveu com a ida dos 'patrícios' para a frente de batalha, decidiu fazer um curso de enfermagem dado pela Cruz Vermelha e ir para o meio da guerra. Ficou oito meses no país, voltou com depressão e recebeu várias medalhas, até se estabelecer em Curitiba.
Passados mais de 60 anos desde o fim dos combates, Dona Virgínia, hoje com 92 anos, ainda guarda com carinho recordações daquele tempo. Entre fotos e medalhas até sorrisos e lágrimas, ela relembra o tempo em que viu de perto o horror de uma guerra e também a sensação de ajudar seus compatriotas.

Em meio a choro e risadas, dona Virgínia, cujas roupas e utensílios usados durante a Guerra estão expostos em uma sala exclusiva no Museu do Expedicionário de Curitiba, conta um pouco sobre seu trabalho, sua vida e suas impressões na Itália da Segunda Guerra Mundial.
Comunicação: A senhora era professora. Por que resolveu virar enfermeira?
Dona Virgínia: Naquela época não havia televisão, mas a gente escutava notícias no rádio e lia nos jornais o que acontecia na guerra. Com a ida dos pracinhas, eu resolvi ser útil e fazer o bem.
Comunicação: Como sua família reagiu à sua ida à Itália? Apoiaram, tiveram medo, combateram a idéia?
Dona Virgínia: Eles acharam natural, porque eu conversei e expliquei o motivo. Nossos soldados ainda estavam sendo preparados para a Guerra. Naquela época, inclusive as armas que o Brasil usava eram francesas. Chegando lá, a América do Norte tinha todo seu armamento diferente do que era usado na França e conseqüentemente, no Brasil, então o soldado se preparou lá para usar as armas.( Dona Virgínia se referia ao fato de que os soldados brasileiros eram pouco preparados para a Guerra e conseqüentemente era preciso que tivessem ajuda das enfermeiras caso sofressem algum acidente grave).
Comunicação: Como era a rotina no hospital? O que a senhora fazia nas horas vagas? Escrevia, ia à cidade, a alguma festa improvisada?
Dona Virgínia: Nas horas vagas, eu inicialmente não tinha coragem de sair da zona hospitalar porque eu pensava: "Meu Deus, como é que vou me distrair enquanto os soldados, coitadinhos, estão sentindo dores?".
Até que um dia meu chefe de enfermaria soube disso e me falou: "Você sabe que tem colega sua que já voltou, porque não agüentou a guerra, não é? E você está na listagem" – ele disse isso porque, lamentavelmente, nós tivemos casos de colegas enfermeiras que não aguentaram; entraram em depressão e precisaram voltar para o Brasil. E perguntei por qual motivo estava na listagem, afinal, estava trabalhando normalmente e ele disse que eu trabalhava bem, mas não saía, e que todos nós precisávamos ter uma válvula de escape. E eu chorei, para variar. Aí ele disse que estava indo a um clube e me chamou para ir junto.Eu perguntei se dava tempo, porque estava saindo do trabalho e o local era longe. Então tomei um banho rápido, me vesti e fui com ele ao clube. A partir disso, eu comecei a sair. Ele ainda me disse: "Você não pode, de maneira alguma, ficar fechada na zona hospitalar. Isso que você está fazendo é absurdo".
E nessa hora de folga, nós tínhamos que pedir licença, porque não era permitido voltar para o hospital. Os americanos diziam que hora de folga era para ser cumprida, que era necessário ter esse controle,então, eu passei a sair e era o que todos faziam. Além do clube nós tínhamos cinema, teatro, tudo para nos distrair.
Comunicação: E como era a rotina das enfermeiras fora dali, havia racionamento de comida, energia?
Dona Virgínia: O americano usa e abusa do direito de organização. Alimentação, medicamentos e combustíveis para a condução pareciam vir de um vulcão, era uma coisa impressionante. O americano vai para a guerra com toda a regalia de uma família rica, então, em relação a isso, não faltou absolutamente nada.
Comunicação: Como era a relação com as outras enfermeiras brasileiras? Havia enfermeiras estrangeiras também?
Dona Virgínia: Embora tenha vindo do interior, eu nunca tive problemas de relacionamento com elas. Só havia mais duas enfermeiras que não eram de Curitiba, mas vieram para cá quando eram crianças. Inclusive eu já conhecia algumas. Uma delas tinha sido professora em Irati cidade que eu morava.Eu também exercia essa profissão. E o interessante é que eu era professora no grupo escolar Duque de Caxias – patrono do exército!
O Brasil não tinha hospital lá na guerra. Era uma seção hospitalar dentro do hospital americano. Então, naturalmente havia enfermeiras americanas. E uma coisa: para ver nossa falha, entre as americanas já havia tanto as oficiais quanto as praças, mas essas não trabalhavam como enfermeiras. E quando as enfermeiras brasileiras chegaram, ficaram deslocadas porque não eram oficiais nem praças.
O Exército brasileiro não estava realmente preparado. Tanto não estava,  que não havia um número suficiente de enfermeiras para organizar o corpo feminino, principalmente porque poucas enfermeiras tinham escola de alto padrão, que tiveram o curso de enfermagem da Cruz Vermelha. E a Cruz Vermelha, sendo uma organização internacional, que faz tudo o que o mundo precisa, teve esse cuidado de organizar. No Brasil, houve isso em muitos municípios, inclusive Irati, e a parte de escrita acontecia no curso em que eu era professora. Diversos colegas também se inscreveram e, havendo comentários sobre a guerra, todos queriam vir para Curitiba, para fazer estágio. Quando me perguntaram se eu queria vir fazer estágio, aceitei na hora, embora nenhuma outra colega tivesse aceitado.
Comunicação: A senhora ainda tem contato com elas?
Dona Virgínia: Nós mantemos contato até hoje. Se bem que, do Paraná, foram oito enfermeiras e dessas oito, lamentavelmente as outras sete já faleceram. A última que faleceu sofria de asma e tinha ido morar no Rio de Janeiro havia mais de 20 anos. Então, há muitos anos que estou só, aqui em Curitiba. E, bem, eu saí de Irati e fui para a Itália. Voltei de lá para Irati e vim para Curitiba porque estava fazendo tratamento após a guerra - sofri uma queda, tive uma fratura de coluna e fui reformada antes do aproveitamento no Exército das enfermeiras brasileiras. O número de enfermeiras do Brasil era 73. Eram 67 do Exército e seis do primeiro grupo de caça, ou seja, da Aeronáutica.
Comunicação: Como era a relação dos soldados e enfermeiros da FEB com população local? O povo apoiava Mussolini ou se solidarizava com os brasileiros e os Aliados?
Dona Virgínia: O italiano logo percebeu a afinidade e a maneira diferente que havia entre os soldados brasileiros e os outros soldados porque os alemães segundo os italianos contavam, os massacraram. E quando os alemães iam embora, carregavam o que podiam… O que não podiam eles queimavam. Aí os brasileiros chegaram, e brasileiro é um povo com coração aberto…,
mas os italianos tinham muito medo dos soldados negros. Segundo eles, os alemães disseram que os brasileiros negros comiam crianças. Então, quando eles viam soldados negros, ficavam apavorados, mesmo sendo criaturas boníssimas. Quando nos aproximávamos de alguma casa, as crianças sempre pediam chocolate, pão, qualquer coisa que pudessem dar, porque eles sofriam de uma miséria tremenda. No começo elas ficavam com medo quando os negros davam algo, mas depois não. Tanto é que eram recebidos com festa e, quando a guerra terminou, foi algo que nem sei como descrever.
Comunicação: A senhora se alistou voluntariamente ou foi convocada? O que sentiu naquele momento? Quando a senhora chegou à cidade italiana de Nápoles, o que se passou pela sua cabeça?
Dona Virgínia: Todas as enfermeiras foram voluntárias. Eu senti muita ansiedade, mas meu objetivo foi ser útil e fazer algo de bom naquele momento. Uma das coisas que para mim foi muito recompensadora foi quando eu cheguei à Itália. Em um dos primeiros dias de trabalho, quando eu estava saindo da enfermaria, um ferido me chamou, eu voltei para o lado da cama e ele agarrou e beijou minha mão. Eu falei: "O que é isso, criatura?!" e fechei a cara. Ele disse: "a senhora não pode imaginar o que é escutar uma voz feminina de nosso país nos atendendo, porque as americanas são boas, mas elas não nos entendem”. Isso foi o suficiente para que eu me sentisse recompensada pelo trabalho que estava fazendo.
Nós pisamos exatamente em Nápoles, que estava completamente destruída, então eu fiquei apavorada. E acredito que, assim como eu, as outras enfermeiras e os próprios pracinhas devem ter se assustado, mas em nenhum momento eu quis voltar. Eu tinha assumido esse compromisso e tinha que ir até o fim. Porque, embora eu tenha sofrido esse problema, depois caí na realidade, voltei a pisar no chão e foi tudo normal.
Comunicação: A senhora mantinha contato com a família?
Dona Virgínia: O contato era deficiente. Nossas famílias, inclusive, só ficavam sabendo do que estava acontecendo muito tempo depois.
Comunicação: O exército inimigo respeitava a condição dos feridos, e os hospitais?
Dona Virgínia: Há uma lei internacional que diz que o inimigo é proibido de destruir hospitais e barracas de atendimento dos soldados. Naturalmente havia o medo da nossa parte, mas na Europa isso foi respeitado. O que não aconteceu, por exemplo, no Pacífico, porque os japoneses bombardeavam hospitais, navios-hospitais. Às vezes passava um avião e todos ficavam apavorados, mas ele passava por cima do hospital e ia soltar as bombas lá na frente.
Comunicação: Como foi o momento em que a senhora descobriu que a guerra tinha acabado? Como a senhora reagiu?
Dona Virgínia: Nós estávamos no hospital. E lá, por duas vezes, vieram notícias falsas sobre o fim da guerra. Então vinha a notícia, nós ficávamos contentes. Mas de repente não era verdade e nós ficávamos tristes, lógico. E quando veio a notícia verdadeira foi um Carnaval.
Comunicação: Como foi a volta para o Brasil?
Dona Virgínia: Foi um sentimento de muita alegria. Ninguém faz idéia do que é uma guerra sem ter passado por ela.
Comunicação: Depois que a senhora voltou, como foi a readaptação? A partir daí, o que a senhora fez?
Dona Virgínia: Eu me readaptei bem, porque era professora e voltei a exercer a profissão. Mas logo que voltei, tive uma depressão muito grande e quando estava fazendo tratamento, caí, tive fratura de coluna e fui reformada.
Comunicação: A senhora teve depressão depois de voltar da guerra?
Dona Virgínia: Não me lembro muito bem quanto tempo durou… Depois eu me machuquei e naquela época a medicina estava muito aquém da de hoje – faz mais de 50 anos –, eu fiquei nove meses no hospital. Atualmente eles nem fazem mais gesso! Aí fui reformada e fiquei muito tempo me recuperando. Eu precisei usar muletas, se não me engano, por 16 ou 17 anos, e colete ortopédico nem sei por quanto tempo. Eu tive uma vida muito sofrida depois dessa queda.
Comunicação: Ao acompanhar as notícias de hoje sobre guerras que acontecem em algumas regiões do mundo, a senhora sempre compara com aquela que presenciou?
Dona Virgínia: Eu espero que não venha a acontecer a Terceira Guerra Mundial, mas as guerras de hoje são muito diferentes. Há gases, coisas desse tipo. Porque assim como a medicina evoluiu, lamentavelmente, os armamentos também.
Comunicação: Como é, para a senhora, ser uma figura tão importante para o Brasil, receber tantas homenagens?
Dona Virgínia: Eu não me considero uma pessoa importante. Porque tudo que recebi, todas as vezes – e não foram poucas – em que recebi algo, eu sempre disse uma coisa: "Isso quem deveria receber eram os pracinhas que estiveram na frente de batalha, matando para não morrer, para ter essa liberdade relativa, que existe no mundo, inclusive no Brasil".

Reportagem Franciele Bueno, especial para o Comunicação On-line
Edição Vanessa Prateano

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

DO TERÇO VELHO AO SAMPAIO DA F.E.B - BIBLIOTECA

Um livro da Biblioteca do Exército,de Janeiro de 1953 do Ten Cel.Nelson Rodrigues de Carvalho contanto todo a história do Regimento Sampaio desde a  época do seu Patrono Brigadeiro António Sampaio(24/5/1819 a 5/7/1866) a campanha na Segunda Guerra e a heróica conquista de Monte Castelo. Com vários mapas e fotos.Um bela leitura sobre a FEB. (acervo O Resgate FEB)
                                                             (clique na foto para ampliar)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

ITÁLIA 66 ANOS DEPOIS. F.E.B

Fotos tiradas pelo amigo Carlos Eduardo Machado (foto) na sua visita pelas cidades e locais na Itália em que a Força Expedicionária  Brasileira conquistou  e libertou cidades e os campos de batalhas onde foram travadas batalhas históricas.Fotos comparando como era em 1944/45 e agora em 2011.
Local onde tombou o herói Max Wollf Filho e a placa comemorativa..A esquerda Giovanni Sulla.(historiador e colacionador da FEB)
Local onde morreu Frei Orlando é uma pedra vulcânica no meio da estrada.
 (clique na foto para ampliar)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

CANCIONÁRIO - Força Expedicionária Brasileira.

Cancionário do Serviço de Assistência Religiosa do Ministério da Guerra aos pracinhas da FEB de 8 de maio de 1945, com varias orações e partituras.Muito raro de encontrar. 
(acervo O Resgate FEB)

(clique na foto para ampliar)
                                                                 

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

OS 17 DE ABETAIA - F.E.B

Após a conquista de Monte Castelo em dezembro de 1944,  iniciou-se cuidadosa busca por toda a região, a procura dos corpos dos soldados desaparecidos nos combates anteriores. As equipes de salvamento das quais faziam parte capelães militares se depararam com quadros pungentes que causaram forte impacto: soldados com os corpos intactos, ainda de armas na mão, jaziam na posição em que  foram surpreendidos pela morte e conservados pela neve que caiu posteriormente aos combates.Quem percorreu aquela área  certamente jamais se esquecera do que viu.Região duramente disputada ao sopé de Monte Castelo ocorreu em ABETAIA .em torno dessa posição, em semicírculo, foram encontrados  17 corpos de soldados brasileiros em posição de combate, com armas e granadas nas mãos, liderados por um sargento Luiz Rodrigues Filho, do Regimento Sampaio.A princípio  se supôs que todos fossem  dessa unidade mas pesquisas de identificação comprovaram que alguns pertenciam a outras unidades brasileiras que também participaram do ataque a Monte Castelo. a descoberta aumentou a névoa do mistério que cercou esse episódio. O Coronel Nelson Rodrigues de Carvalho, em sua história do Regimento Sampaio, sugere que o grupo de combate desgarrados, atraídos pelo fogo de Abetaia, lá se encontraram com outros  e lutaram até a morte.O fato é inquestionável marca da bravura indômita do pracinha brasileiro: morrer atacando o inimigo.O acontecimento entrou assim para a história:¨OS 17 DE ABETAIA¨

Pintura a óleo retratando¨Os 17 de Abetaia¨.Quadro de autoria do Vet.Cap Otton Arruda Lopes datado de 21/02 1993.Exposto no Museu da FEB -Belo Horizonte- MG.

Os 17 heróis de Abetaia 
Luiz Rodrigues Filho(sargento) 1ºRI  Engenho Novo RJ
Ary de Azevedo 1ºRI  Engenho Novo  RJ
Cristiano Clemente da Silva  1ºRI  Tijucas  SC
Duravalino do Espírito Santo 1ºRI  São Fidélis  RJ
José de Aráujo  1ºRI   S.Ant de Padua  RJ
Alcides Maria Rosa  11ºRI  Dores de Campos  MG
Aleixo Herculano Malva  11ºRI  Itajai  SC
Almiro Bernado  11ºRI  Botucatu  SP
Amaro Ribeiro Dias  11ºRI  Campos  RJ
Amelio da Luz 11ºRI  Cerro Azul  PR
Antonio  Coelho da  Silveira  11ºRI  São João Del`Rei   MG 
Lindo Sardagna 11ºRI Ibirama  SC
Hereny da Costa  11ºRI  Belo Horizonte  MG
Iraci Luchina 11ºRI Araraguá  SC 
Mariano Felix  11ºRI  Itatinga SP
Rafael Pereira 11ºRI  Mirandápolis  SP
Sebastião Clemente Machado  11ºRI  Rio Preto  SP
PESQUISA:
A FEB POR UM SOLDADO de Joaquim Xavier da  Silveira.
Do Terço Velho ao Sampaio da FEB.do Ten. Cel.Nelson Rodrigues de Carvalho.
(CLIQUE NA FOTO PARA AMPLIAR)

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

MEIAS DA F.E.B.

Meias de lã de fabricação americana usada pelos soldados brasileiros no inverno italiano na Segunda Guerra Mundial.
( acervo O Resgate FEB)

                                                                      (clique na foto para ampliar)

    sexta-feira, 2 de setembro de 2011

    ALIMENTAÇÃO DA F.E.B.

    Superadas as dificuldades iniciais, a comida fornecida pela cozinha de campanha passou a ser muito bem aceita pelos soldados. A própria instalação da cozinha de campanha causou surpresa, quando a tropa acampou pela primeira vez.

    Houve imensa satisfação dos homens ao se engajarem a fundo nos chocolates, nos frangos e nas galinhas, nas costeletas de porco, nas geléias, nos doces de pêssegos e peras da Califórnia, de abacaxis do Havaí, nas saladas de frutas, nas ameixas, passas e sucos.
    Foi ao tomar contato com essa forma de alimentação que os oficiais começaram a avaliar o imenso poderio de seus aliados estadunidenses. Todos esperavam receber armas, canhões e outros equipamentos, muitos já conhecidos nas manobras de treino no Brasil, mas, acostumados com a ração anteriormente servida no Brasil, ficaram surpresos com a abundância e com o colorido das frutas e passas, das latas em que vinham vários artigos e alimentos. Um praça chegou a comentar alto: ‘Meu Deus, como a comida desses gringos é bonitinha’.

    Mas nem tudo era recebido com esse bom humor: o Pork Lunch, enlatado à base de carne de porco, era servido com tanta frequência que acabou sendo detestado por todos, inclusive pelos estadunidenses. Esse alimento entrou para o anedotário de toda a tropa do V Exército e até os estadunidenses também faziam piadas.
    Os cozinheiros, diante das constantes reclamações sobre a inclusão do Pork Lunch no cardápio, resolveram colocar um molho improvisado, para enganar o pessoal. O primeiro praça na fila do rancho, ao perceber a colocação em sua marmita de uma enorme rodela coberta pelo molho, tocava-a com o garfo, meio desconfiado, afastava um pouco o molho, virava-se para trás e avisava aos companheiros: ‘Cuidado, pessoal, ela hoje está camuflada’.

    Junto com a primeira refeição, cada soldado recebia um maço de cigarros estadunidenses. Esse fumo agradou tanto à tropa que, quando a Intendência quis fornecer cigarros brasileiros, houve forte reação e a cota de cigarros estadunidenses foi mantida. Os cigarros brasileiros que quiseram servir eram das marcas Victor e lolanda, esta com o desenho de uma mulher loura, logo batizada pela tropa de ‘Bionda Cativa’ (Loura ruim).

    A Intendência, prevendo que o tráfego seria prejudicado no inverno, e para evitar que faltasse comida, criou um estoque de emergência, assim escalonado: os soldados, em posição, recebiam um dia de ração K. Com as unidades, um dia de ração K e um dia de ração C. Com a divisão, dois dias de ração B e três de ração C. Com o Exército, 15 dias de víveres brasileiros colocados em Pistóia no Centro de Reprovisionamento do Exército.
    Havia ainda dentro da organização do V Exército americano os Serviços de Suprimento Reembolsável, onde, por módica quantia, se adquiria cigarros, bebidas, agasalhos e outros artigos que ofereciam maior conforto. Esse serviço, porém, não se estendia a toda a FEB: os praças só podiam dispor dele quando se encontravam de licença, na retaguarda.

    Às vezes tinham oportunidade de conseguir estas mercadorias nos denominados PX – Post Exchange-, junto aos postos da Red Cross, e assim mesmo aquisições limitadas aos soldados. Como na Itália o vinho era bom e abundante, os pracinhas quase sempre trocavam uma garrafa por alguns cigarros ou uma barra de chocolate.
    Os tipos de ração distribuídos à tropa.
    A Ração K - de assalto – era composta por três pequenas caixas correspondentes às refeições, contendo em cada uma:
    • Uma lata de queijo,
    • Patê ou sopa desidratada – conforme fosse café, almoço ou jantar.
    • Biscoitos, café ou limonada solúvel
    • Chocolate,
    • Cigarros e fósforos,
    • Um tablete de Halazone para purificação d’água,
    • Uma colher
    • Um abridor de latas.


    Café da manhã




    Todos os alimentos combinados equivaliam a 900 calorias. Esta ração acompanhava os homens, só podendo ser consumida por ordem superior.
    A ração C - de combate – compunha-se de 6 pequenas latas:
    • Três contendo alimentos à base de carne, em mistura com cereais,
    • Três com artigos variados: biscoitos, café ou limonada solúvel, chocolate, cigarros, fósforos e um tablete de Halazone.
    Ração C
    Correspondia a 3.800 calorias. Seu transporte ficava a cargo das unidades e o consumo somente poderia ser feito mediante ordem.
    A ração B – operacional – era consumida diariamente pela tropa, salvo as patrulhas ou durante os ataques em que os homens, por necessidade, eram levados a utilizar ou  a ração K ou a C.
    Era composta das três refeições.
    O café da Manhã
    • O café com leite,
    • Pão,
    • Geléia ou manteiga de amendoim
    • Extrato de tomate.
    O almoço e o jantar:
    • Carne, às vezes galinha ou peru,
    • Feijão,
    • Arroz,
    • Frutas ou suco de frutas,
    • Ovos,
    • Pão,
    • Doce,
    • Café,
    • Cigarros e fósforos,
    Somando 4.000 calorias por refeição.
    Além dessas rações, havia a de emergência, a ser consumida em circunstâncias especiais, sendo:
    • Uma barra de chocolate altamente concentrado,
    • Ração “10 por 1″ – contendo 10 refeições em um só recipiente para uso coletivo.
    Durante o inverno, distribuíam anexadas as rações, complementos multivitamínicos, duas vezes por dia a cada homem, para consumo em cada refeição principal.
    No verão, tabletes de sal.
    Matéria : Segunda Guerra.Org
                   Ecos da Segunda Guerra.