segunda-feira, 25 de maio de 2020

Julio do Valle um pracinha do Batalhão de Saúde


Padioleiro da FEB Julio do Valle com seu álbum de recordações

Julio do Valle, que serviu o Batalhão de Saúde (Eram soldados que combatiam sem armas, e que tinham a missão de resgatar, atender, transportar feridos para a segurança da retaguarda e muitas vezes sob fogo inimigo. Os padioleiros atendiam  feridos brasileiros, americanos , civis italianos e ate mesmo soldados alemães.Padioleiros é aquele que no campo de batalha procura cuidar dos feridos) foi um dos 25.000 pracinhas brasileiros que formaram na Itália a única frente da América do Sul nos campos de batalha da Europa durante a segunda Guerra Mundial (1939-1945). Pracinha, um diminutivo de praça, ou soldado raso, foi o termo carinhoso adotado pela imprensa e a população da época para se referir aos homens que embarcaram rumo ao desconhecido no grande desafio da FEB. Julio do Valle não consegue esquecer o rosto de Deus. “Ele nos pediu para entrar numa casa, porque era muito perigoso.” O alerta salvaria a vida de Julio e de mais três soldados da Força Expedicionária Brasileira (FEB) em Montese, no norte da Itália –a calçada que os oficiais ocupavam acabaria destruída por uma bomba minutos depois. “Ele falava o nosso português e nunca o tínhamos visto. Quando saímos da residência só havia muita poeira e o cheiro forte de pólvora. A explosão foi bem onde ele estava. Nós não o vimos chegar nem sair. Chegamos à conclusão de que era Deus”, conta Valle, com os olhos marejados.
O ex combatente Julio do Valle

“Ninguém sabia o que era um combate, dos generais aos soldados mais rasos. Aprendemos a guerrear nas dificuldades”, conta Valle. Entre os obstáculos estavam, além da ameaça constante das tropas inimigas, o inverno mais rigoroso em quase 50 anos, com média de 20 graus negativos nos Apeninos italianos em 1944.
“Sofríamos bastante com as baixas temperaturas. A neve chegava até o joelho. Recebemos uma capa de gabardina grande, horrível, de 12 quilos e que com a chuva ficava muito pesada para carregar. Quando o comando norte-americano viu aquilo, mandou recolher na hora as gabardinas”, acrescenta o ex-soldado da FEB, entre sorrisos. Apesar do clima hostil, ele descarta que alguém do lado brasileiro tenha morrido em decorrência do frio. Outro problema da preparação do país foi a produção de uniformes parecidos com os do Exército alemão. “Chegaram a jogar pedra na gente em Nápoles pensando que éramos os invasores.”
“Ficamos junto com o Exército negro norte-americano, um batalhão especial criado por causa da segregação. Quando jogávamos bola e levantávamos (na hora do gol) um soldado amigo nosso apelidado de Chocolate, o pessoal de lá não acreditava na nossa integração”, completa Valle, que serviu o Batalhão de Saúde e tinha como algumas de suas funções ajudar a levar os feridos à enfermaria após os primeiros socorros em meio ao bombardeio, ficando até a recuperação da última vítima.
 Reprodução de álbum do ex-combatente brasileiro Julio do Valle. (BOSCO MARTÍN)

“Entramos na casa de um italiano para confraternizar e um senhor não parava de gemer no quarto. O problema era no braço. Ele já havia tentado de tudo, mas não adiantava. Limpamos a região com iodo e cuidamos dele. Apesar da dor do tratamento, ele suportou. Quando estávamos deixando a cidade, ele veio atrás, chorando copiosamente com o braço apoiado na tipoia. Essas eram coisas que os alemães não faziam”, diz, novamente com os olhos marejados.
Pesquisa: 
El Pais
Fotos El Pais
O Resgate FEB

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Medalha Cruz de Combate de 2ª Classe da FEB

Medalha Cruz de Combate de 2ª Classe da FEB da Segunda Guerra Mundial
É a medalha da FEB mais rara, difícil de encontrar e na minha opinião a mais bela.
A Cruz de Combate é uma medalha do Exército Brasileiro concedida aos militares que se destacaram em ação na Segunda Guerra Mundial. Foi criada pelo Decreto-Lei nº 6.795, de 17 de agosto de 1944.Temos a Medalha Cruz de Combate de 1ª Classe (ouro) que é oferecida aos militares individualmente, ou a unidades que tenham praticado atos de bravura ou sacrifício nas ações de combate.
A Medalha Cruz de Combate (foto) e 2ª classe (prata) é oferecida aos militares que tenham participado coletivamente de feitos de excepcional destaque.

(acervo Resgate FEB)
Diploma da Medalha Cruz de Combate

(clique na foto para ampliar)

domingo, 10 de maio de 2020

JOSÉ FRANZAK: PRACINHA CURITIBANO

Major reformado do Exército José Franzak é um dos ex-combatentes curitibanos que lutou na Itália ao lado dos Aliados
Nos 70 anos do fim da Segunda Guerra, pracinha curitibano conta um pouco do que viveu na Itália
O major reformado do Exército José Franzak tem muito a comemorar neste mês. Além dos 70 anos do cessar fogo na Segunda Guerra Mundial, prepara-se para comemorar o aniversário de 95 anos
José Franzak, 94 anos, é um dos 18 sobreviventes da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) que ainda estão vivos e moram em Curitiba. No Paraná, pouco mais de cem pracinhas ainda resistem. Aproximadamente dois mil paranaenses se despediram das famílias, em setembro de 1944, e empreenderam viagem até o outro lado do Oceano Atlântico. A data de 8 de maio marca os 70 anos de cessar fogo e do pedido de rendição da Alemanha, conhecido mundialmente como o “Dia da Vitória”.

Para Franzak, a comemoração em maio é dupla. O major reformado do Exército completará 95 anos no dia 14, seis dias depois do marco histórico . Ele era um dos nomes da extensa lista de 25 mil brasileiros que foram para a Itália lutar ao lado dos países Aliados contra as forças do exército alemão.”Fiz parte da história e sobrevivi”, constata, emocionado.
Em 1944, o segundo sargento do 2.º Regimento da Artilharia Montada só pensava em continuar na vida militar e casar com Maria Carlota. Dava expediente no quartel instalado em frente à Praça Oswaldo Cruz, onde atualmente funciona o Shopping Curitiba. Os rumos da história, no entanto, desviaram um pouco seus planos. A convocação para engrossar as fileiras de soldados para o além-mar fez com pegasse a bagagem e se despedisse dos pais, irmãos e da namorada. Partiu para uma “aventura” séria. “Foram 15 dias seguindo a mesma rotina até chegar ao porto de Nápoli, na Itália”, recorda-se.
As manobras militares e treinamentos eram feitos à noite por causa do blecaute imposto pelas normas de guerra. Durante o dia, os oito mil homens embarcados podiam respirar no convés. Franzak pertencia ao 11.º Regimento de Infantaria e Companhia de Obuses do 11.º RI de São João Del Rey (Minas Gerais). O jovem oficial integrou um grupo de 80 homens que saiu de Curitiba.“O clima era apavorante. Tinha muito submarino alemão nas águas internacionais. Fomos escoltados por caça-minas, helicópteros e destroyers. Eu estava com 24 anos, e o mais jovem tinha apenas 20.Não falávamos sobre o medo. E só vivíamos um dia após o outro”, relata o ex-combatente.
Frio e medo
No começo de outubro de 1944, Franzak lembra-se que, ao chegaram ao acampamento em Livorno, os ventos dos Alpes mostraram que não estavam preparados emocionalmente nem fisicamente para o que viria pela frente. Os tecidos finos dos uniformes de brim foram substituídos pelas roupas americanas, que eram mais quentes. “As tropas brasileiras não tinham nada. Recebemos galocha, japonas e armamento”. Com o olhar distante, ele conta que os brasileiros não ligavam muito para o medo. A brincadeira era separar os grupos entre os mais e menos apavorados.
Com o início dos combates, Franzak foi trabalhar lado a lado com o ex-expedicionário Ítalo Conti como observador avançado. Era o responsável por observar o inimigo no Monte Castello. Com as informações e coordenadas, a infantaria dos Aliados organizava-se e avançava. “Eu ficava deitado na crista do morro, escondido. Eram de 10 a 12 horas até sermos substituídos”, conta.
A segunda tarefa recebida foi mais complexa. Como calculador da Central de Tiros, precisa informar a temperatura da pólvora, a direção do vento e calcular tudo. Marcava em uma prancheta. Era aí que os canhões 105 faziam seu trabalho. “O zunido das balas corria solto”.
Combate
Depois de tomar Monte Castello, o grupamento foi progredindo. Chegaram a Montese. “Foi em Montese que vi o inimigo frente a frente”, conta ele, pensativo e emocionado. O pior momento, segundo ele, aconteceu quanto iam ocupar uma oposição de artilharia. Quando chegaram mais perto, muitos tiros foram disparados contra eles. “Eu quase morri. Ficávamos deitados no chão e os tiros arrebentavam ao nosso redor por mais de meia hora”. Franzak não segura as lágrimas e é tomado pela tristeza ao relembrar a história. Instantes depois, ri, pois se recorda que no seu grupo não ocorreu nenhuma morte.
“Foi aí que recebemos a notícia de que a guerra tinha acabado. Mas ninguém comemorou nada.” Ao se lembrar que 14 mil homens se renderam aos brasileiros, volta a chorar e a rir ao mesmo. “Vibrávamos por dentro. Nem lembramos naquela hora que poderíamos voltar para casa”.
Folgas
A cada 15 a 20 dias, alguns soldados recebiam folgas. Ficavam no acampamento ou, com muita sorte, recebiam a autorização para viajar. Franzak lembra-se de que ficou durante cinco dias na cidade de Roma. Eram os momentos de contato com o povo local. “Perguntavam se tínhamos café, cigarro e chocolate. A crise era muito rígida, mesmo sem Roma ter sido bombardeada. Em outra ocasião, fiquei quatro dias em Florenza”, rememora.
Guardados
Franzak havia enviado uma mala com 30 quilos para Curitiba, no bairro Portão. Foi parar no município rio-grandense de Portão. Perdeu as cinzas do Vesúvio, postais, uma arma Luger de origem alemã e outras tantas coisas das quais não se lembra mais. “Depois de 70 anos, os neurônios esquecem”, brinca.
Hoje, guarda com carinho a medalha de campanha e a medalha de guerra recebida, assim como um punhado de fotos. O nonagenário balança a cabeça e deixa as lágrimas cair a cada memória da guerra. “Não foi fácil. Quase morri em combate, mas estou aqui para contar a história.”

Matéria : Gazeta do Povo

domingo, 3 de maio de 2020

Medalha Plinio Pitaluga

Medalha Plinio Pitaluga
A medalha General Plínio Pitaluga, criada pela Associação dos Ex-Combatentes do Brasil Seção Valença – RJ, em 19 de abril de 2005, constante do Almanaque do Exército com o nº 240, será concedida anualmente: 1º Aos militares e civis que tenham prestado relevantes serviços aos Ex-Combatentes e as Associações e que trabalhem com boa vontade em elevar os nomes dos Ex-Combatentes; 2 º Aos próprios Ex-Combatentes; 3 º Aos Estandartes Históricos ou Bandeiras das Unidades Militares ou das Associações dos Ex-Combatentes do Brasil.
(acervo O Resgate FEB)

(clique na foto para ampliar)