segunda-feira, 31 de julho de 2017

Sapador Anicheto Battisti

Anicheto Battisti nasceu em Lajeado, Rio Grande do Sul, no dia 28 de outubro de 1920, onde passou infância e juventude. Aos 21 anos de idade foi para o exército em Uruguaiana. De lá, seguiu para o Rio de Janeiro, após ter se apresentado como voluntário para a 2º Guerra Mundial. Embarcou, em 22 de setembro de 1944, no navio General Meighs com destino à Itália onde permaneceu por um ano no pelotão de minas. Anicheto exercia a função de sapador – soldado que retirava minas terrestres para desarmá-las. Função que exigia coragem, determinação e sangue frio.
Foi pioneiro do município de Tupãssi, onde chegou em outubro de 1963. Ajudou a construir a cidade, teve comércio e terras no local, e foi um dos construtores da igreja que se tornou a paróquia Nossa Senhora de Lourdes. Foi pai de nove filhos. Durante sua vida pôde compartilhar as histórias da 2ª Guerra Mundial. Em uma delas, contou sobre companheiros de batalha que caíram ao seu lado após uma batalha sangrenta contra os nazistas em Montese, entre tantos outros episódios de luta e superação.
Matária : vale verde FM


domingo, 23 de julho de 2017

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Minha primeira noite de combate na FEB foi de pânico'


Fui aluno de Manoel Bandeira no Colégio Pedro 2.º, no Rio, de quem me fiz amigo. Resolvi fazer exame na Escola Militar para livrar minha mãe de problemas financeiros e era aluno quando houve a declaração de guerra. Tinha 22 anos. Saí aspirante e fui para Salvador, onde me designaram para o 11.º Regimento de Infantaria, uma unidade expedicionária. E assim fui parar na FEB.
Meu primeiro contato com a guerra foi no cais de Nápoles, terrivelmente bombardeada. Havia inúmeros navios afundados à vista. A gente via a situação lamentável dos italianos, ansiosos por algum tipo de ajuda, um aceno, uma caixa de alimentos, uma lata ou mesmo um cigarro.



Patrulha brasileira em Sevigone, entre Montese e Fanano, na Itália. Estas duas últimas cidades ainda estavam em poder dos alemães 
Entramos em linha nos últimos dias de novembro. É a estação das chuvas na Itália. Os caminhos e encostas ficam enlameados. É extremamente difícil andar nessas condições. Estávamos na frente do pequeno Rio Reno, na face oriental dos Apeninos. A região é dominada pela linha de cristas, de que é parte Monte Castelo. Geradores produziam fumaça o dia inteiro para que o adversário não visse onde se passava nesse vale.
O medo é uma realidade. Na área de Bombiana, havia posições difíceis guarnecidas pela tropa. Eu vi um oficial entrar em uma dessas posições e uma semana depois sair da posição inteiramente de cabelos brancos. Quando chegamos, o alemão percebeu e fez o óbvio: uma ação que desmoralizasse nossos homens. Enviou patrulhas para nossa frente, em Casa de Guanella, e desbaratou nossa tropa. O capitão perdeu o controle dos homens e eles entraram em pânico, arrastando uma das companhias à esquerda. Minha primeira noite de combate na Força Expedicionária Brasileira foi uma noite de pânico. Ninguém segura quem debanda. Você acolhe na retaguarda, o que foi feito. O comando da divisão reuniu o batalhão e decidiu que ele participaria da primeira ação ofensiva em Monte Castelo. Assim foi. E ele se saiu bem. Mas o capitão da tropa que debandou foi destituído do comando, submetido a Conselho de Guerra e condenado. Perdeu a carreira.
A FEB começa a guerra para mim com o episódio que narrei, a noite terrível do pânico, de 2 para 3 de dezembro de 1944. É inesquecível, pois é o dia do Colégio Pedro 2.º - comemorei o aniversário do Pedro 2.º no pânico. Essa divisão, que chega e combate sob o signo da heterogeneidade, inclusive entre os comandantes, no Estado-maior, com brigas internas, egos imensos se devorando uns aos outros, acaba a guerra no avanço avassalador para o noroeste, chega até a fronteira da França. Um lance de extrema felicidade e sorte. Fomos muito bem-sucedidos, em grande parte por muita fortuna. Fortuna, pois tudo indicava que não daria certo. / M. G. e E. F.\
O Estado de São Paulo