sexta-feira, 17 de junho de 2011

Trator M 5 na Força Expedicionária Brasileira


Com a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, em 1942, o Exército Brasileiro passou a receber equipamentos motomecanizados,  modernos,  oriundo dos Estados Unidos para equipar dentre outras as unidades de artilharia, dando-lhes uma nova dimensão, seja em termos de mobilidade e capacidade de poder de fogo.
Com a criação da Força Expedicionária Brasileira – FEB, em 1943 e seu envio para o teatro de operações na Itália em 1944/45, coube ao 1º Grupo do 1º Regimento de Artilharia Pesada Curta – I/1ºRAPC a primazia na utilização do então moderno TRATOR M-5 de 13 toneladas e alta velocidade, uma grande novidade entre nós

Estes tratores eram viaturas militares sobre lagartas para tração pesada, destinada principalmente a rebocar obuseiros de 105 e 155mm e neste caso eles tracionavam as 18 peças de 155mm, sendo uma para cada trator, e todos receberam a matrícula      FEB 440-C, que indicava pertencer à 3ª Bateria do IV Grupo do I/1º R.A.P.C. e o respectivo número do veículo de dois dígitos como 81, 77, 78, 79, 80, etc, e alguns chegaram a possuir nomes como VERA, que representava uma forma carinhosa de manter viva a saudade sobre a pessoa amada que aguardava a volta  do combatente ao solo brasileiro.

De aparência estranha se comparado com os outros veículos empregados naquele teatro de operações, ele desenvolvia uma velocidade de 48km/h que podia numa emergência chegar a 56km/h. Dispunha de compartimentos apropriados para pessoal, 9 homens sentados, munições (30 granadas de 155mm), ferramental, sobressalentes e outros equipamentos necessários ao seu uso, podendo ser usado nas configurações aberto e fechado com uma capota de lona que lhe dava um ar mais sóbrio onde ostentava força e robustez.
Trator M 5 exposto no  Museu Militar Conde de Linhares
Foto de Demisom de Oliveira.
Era impulsionado por uma motor a gasolina Continental modelo R 6 572, de seis cilindros em linha, quatro ciclos, refrigerado a água, válvula na cabeça, com dois carburadores e potência máxima de 235 HP. Sua embreagem era do tipo pesada com reduzida de baixa e alta velocidade, acionada a ar comprimido por meio de um pedal de serviço e em situação de emergência, na falta de ar, existia um outro pedal que funcionava mecanicamente. A transmissão era do tipo helicoidal de passe constante, com quatro velocidades à frente e uma a ré, que combinando a transmissão com a redução de embreagem, obtêm-se oito velocidades e duas marchas a ré.
A versão M-5 era dotada de lagartas de aço T36E6 ou T55E1 com garras integrais, de 24cm de largura, padronizada para carros de combate leves, podendo ainda empregar lagartas de borrachas amovíveis modelo T16, o que lhe proporcionava uma grande mobilidade em terrenos lamacentos e íngremes e boa velocidade em estradas.
Sua aparência ficava ainda mais estranha em razão de existir na sua parte frontal um compartimento onde se alojava um guincho com capacidade de 6,8 toneladas.
Dispunha ainda de controles e conexões para acionar no reboque freios elétricos ou pneumáticos, existindo na sua parte traseira tomadas para ambos os tipos.
Trator M 5 da FEB.
Foto de Tomek Basarabowicz.
Foi um grande avanço para este novo conceito de artilharia que se vislumbrava com a segunda guerra mundial, fator determinante na modernização dos meios até então utilizados no Brasil, quando o mais moderno era a artilharia hipomóvel e auto-rebocável, certo é que eles prestaram um grande apoio às demais unidades da FEB envolvidas nos combates com unidades alemãs e italianas e após a guerra os 18 tratores M-5 foram enviados para o Brasil e incorporados no Exército Brasileiro que já recebia diversos outros iguais e modelos similares que foram empregados com sucesso até os anos 80.
Um veterano de guerra M 5 em Brasília com o emblema da Artilharia Pesada da FEB.
Nome: Tractor M-5, 13 Ton, High-Speed
Comprimento: 4,851m
Largura: 2,540m
Altura total: 2,642m
Suspensão: Mola voluta vertical
Peso em ordem de combate: 12.958kg
Pressão sobre o solo: 0,502m
Guarnição: 9 homens
Armamento: uma metralhadora .50
Motor: Continental R 6 572, seis cilindros, quatro ciclos, 235HP, a gasolina, refrigerado a água
Sistema elétrico: 12 volts
Capacidade do tanque de combustível: 378,6 litros de gasolina de 70/72 a 80 octanas sendo 189,3 em cada um dos dois tanques
Raio de ação: 240km
Rampa máxima sem reboque: 72%
Rampa máxima com reboque: 50%
Vau máximo: 1,35m
Fosso transponível: 1,68m
Raio de volta mínima: 6,10m
Carga máxima de reboque: 9.205kg
Pesquisa:
Expedito Carlos Stephani Bastos.
Pesquisador de Assuntos Militares da Universidade Federal de Juiz de Fora

3 comentários:

  1. Olá amigo, este blog sobre a história da FEB é uma homenagem muito merecida.
    Sou militar aposentado (reformado) e faço uma idéia da força e da coragem desses bravos guerreiros.
    Fica com Deus, abraço.

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  2. Henrique parabéns por seu blog, pois aqui está as mais ricas informações sobre a participação do Brasil na II Guerra.

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  3. Amigo, acho que podes melhorar o texto no parágrafo: quatro ciclos, refrigerado a água, válvula na cabeça = quatro tempo, refrigerado a água, válvulas no cabeçote.

    Muito bom seu blog. Abraços.

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