quinta-feira, 9 de junho de 2011

Monumento aos pracinhas mortos na Segunda Guerra Mundial - Rio de Janeiro

O Retorno dos heróis da F.E.B

“Imolando-se pela Pátria, adquiriram uma glória imortal e tiveram soberbo mausoléu, não na sepultura em que repousam, mas na lembrança sempre viva de seus feitos. Os homens ilustres têm como túmulo a terra inteira”
Era o dia 22 de dezembro de 1960. Na cidade do Rio de Janeiro presenciou um daqueles episódios que ficarão eternamente gravados em sua história.
Naquele dia, 462 pequenas caixas de zinco, encerradas em urnas de madeira, chegaram ao recém-inaugurado Monumento Nacional aos Mortos da II Guerra Mundial, mais conhecido como Monumento aos Pracinhas.
Dentro delas, estavam os restos mortais de 462 brasileiros, tombados durante a Campanha da Força Expedicionária Brasileira (FEB), na Itália, durante o último conflito mundial.
Realizada na manhã ensolarada de uma quinta-feira, a cerimônia de recepção literalmente parou o centro da cidade, onde a população prestou espontâneas homenagens — homenagens só devidas aos heróis.
Vindo do Palácio Tiradentes, o longo cortejo conduzindo as urnas tomou o rumo da Avenida Rio Branco. A avenida, repleta pela multidão emudecida, era preenchida por um silêncio abissal. Um silêncio só quebrado pela da batida emotiva do surdo, ecoando pelos edifícios em meio a uma atmosfera surreal. Jamais houvera um dia igual aquele na cidade.
As urnas, cobertas por pequenas bandeiras brasileiras, eram carregadas de forma  marcial por veteranos de guerra, militares da ativa, da reserva, viúvas  e familiares dos falecidos .                                                         
Ao fundo, ouvia-se os estrondos de salvas de peças de artilharia. Respondiam a elas os fortes da Baía de Guanabara, troando os seus canhões. No céu, esquadrilhas da aeronáutica sobrevoavam o cortejo. Do alto dos edifícios, o povo fazia cair uma chuva de papel picado sobre a avenida.
Ao longo do trajeto, numerosas guarnições da Marinha, Exército e Aeronáutica prestavam solene continência, inclusive representações de militares estrangeiros dos países amigos.
Acostumados a assistir com alegria os desfiles das escolas de samba – à época realizados no mesmo local – os cariocas assistiram ao evento com a expressão contrita e o olhar fixo nas urnas, testemunhando o último desfile dos bravos que tombaram na guerra.
As batidas do surdo pareciam ressoar na alma de cada um dos presentes. Mas, quando chegaram ao monumento, o instrumento emudeceu.
Lá estava o Presidente da República, Juscelino Kubistchek, os aguardando. Uma urna com os despojos de um soldado brasileiro não identificado foi entregue pelo  ex-comandante da FEB, Marechal Mascarenhas de Moraes, ao Presidente da República, que a depositou na base do Pórtico Monumental.
Quando perguntados pela imprensa porque não deixaram os corpos enterrados na Itália, conforme fizeram outras nações, Juscelino Kubitstchek e o Marechal Mascarenhas de Morais provaram, uma vez mais, porque foram expoentes em suas carreiras. Responderam eles:¨ O Brasil precisava de seus mortos como exemplo para os vivos¨Juscelino Kubitschek de Oliveira (Presidente da República do Brasil).   ¨Eu os levei para o sacrifício.Cabia-me trazêlos de volta para receberem as honras e glórias de todos os brasileiros¨ Marechal João Bastista Mascarenhas de Morais.( Comandante da Força Expedicionária Brasileira )
General  Zenóbio (esq), Marechal Mascarenhas de Morais (centro) e General Cordeiro de Farias (dir) 
O monumento foi projetado pelos arquitetos Marcos Konder Netto e Hélio Ribas Marinho, vencedores de um concurso nacional.
Vista panorâmica do monumento aos pracinhas mortos, ao fundo Marina da Glória e Baia de Guanabara.
Painel de azulejos em homenagem aos mortos no mar tanto como civis como militares,a autoria deste painel é de ANÍSIO MEDEIROS.
Túmulos dos pracinhas mortos em combate na Segunda Guerra Mundial.
 Homenagem a todos os soldados mortos na Itália não identificados
A construção tem também em seu interior um museu com fotos, peças e artefatos usados pelos pracinhas durante a Segunda Guerra Mundial.Capa de chuva usado pela FEB (foto de Julio Zary)
PESQUISA: Lapa Azul.
Ilustração: Henrique Moura 

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